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Instabilidade no mercado financeiro derruba cotações agrícolas

A queda foi sentida com maior intensidade durante o mês passado


A crise de confiança no mercado financeiro causada pela expectativa de desaceleração da economia dos Estados Unidos provocou fortes perdas em outubro no mercado de commodities agrícolas. Embora o recuo nos preços tenha sido notado desde o início do ano, a queda foi sentida com maior intensidade durante o mês passado.

As cotações de milho para entrega em dezembro lideraram as perdas, com um recuo de 17% no período, passando de 484 para 401,5 centavos de dólar o bushel (25,4 quilos). A valorização do dólar frente às outras moedas no mundo favoreceu um recuo na demanda pelo milho americano, maior exportador mundial da commodity.

"Além disso, a tendência de recessão mundial derrubou os preços do petróleo, que acabou puxando o milho e os outros produtos", avalia Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado. Ele destaca que a redução do consumo no mundo criou um excesso de oferta do grão no mercado brasileiro. No mercado interno, segundo disse, os preços do milho acompanharam o movimento externo e caíram de R$ 21 para R$ 18,50 a saca de 60 quilos, número 11% menor.

Márcio Rodrigues Bernardo, analista de commodities da Newegde, com sede em Nova York, explica que a crise de confiança do mercado financeiro, que foi determinante para a queda nas cotações agrícolas, ainda deve permanecer até que se descubra se a crise é de curto ou longo prazo. Ele explica que a restrição de crédito provocou um custo elevado com ACC (Adiantamento sobre Contrato de Câmbio), muito utilizados em importações e exportações.

O trigo também registrou fortes perdas durante o mês. Os contratos com entrega para março recuaram de 691,75 para 556,75 centavos de dólar o bushel (27,2 quilos), queda de 19%. "Foi o reflexo do que aconteceu com o resto. O motivo da queda também foi determinado pela valorização do dólar e queda do petróleo", observa Élcio Bento, analista da Safras & Mercado.

Segundo Bento, não haveria motivos para os preços caírem com essa intensidade se não fosse a crise americana. Ele citou os números do Departamento de Agricultura Americano (Usda), que prevê uma produção mundial em 680 milhões de toneladas para um consumo estimado em 653 milhões de toneladas. "Mas uma parte da produção destinada à produção de ração, mantendo a menor relação estoque/consumo dos últimos três anos, o que favorece preços positivos".

Os últimos 30 dias marcaram a queda da soja abaixo da casa dos US$ 10 dólares o bushel (27,2 quilos). Os preços do contrato com entrega para janeiro recuaram de US$ 10,70 o bushel para US$ 9,33 o bushel, queda de 12,8%. "Esse cenário vai permanecer até encontrarem um novo suporte de confiança", acrescenta Bernardo.

O açúcar registrou a menor perda no mês na comparação com as principais commodities. O contrato do tipo 11 com entrega para maio subiram 1,4% ontem, fechando em 12,29 centavos de dólar a libra-peso (0,454 quilos). De acordo com a agência Bloomberg News, a queda na produção do Brasil, segundo maior produtor mundial, deve reduzir os estoques e diminuir a oferta do produto no mundo.

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