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Intensa onda de calor pode ser associada ao La Niña

Calor extremo e baixos índices de umidade agravam a situação da estiagem


Foto: Pixabay

O verão tipicamente é caracterizado por temperatura mais quente e ondas de calor extremo se tornaram mais frequentes nas últimas décadas. Às vezes, o calor escaldante fica preso no que é chamado de cúpula de calor. Isso acontece quando as fortes condições atmosféricas de alta pressão se combinam com as influências do La Niña, criando vastas áreas de calor que ficam presas sob uma "cúpula" de alta pressão.

Em condições de tempo seco constante no verão, uma massa de ar quente se forma e a atuação de uma área de alta pressão atmosférica, empurra o ar quente para baixo. À medida que o ar quente tenta subir, esse movimento descendente da alta pressão atmosférica força para baixo, o que faz o ar ficar ainda mais quente e mais denso, devido a um efeito de compressão. 

Nestes eventos de cúpula de calor, a alta pressão atinge vários níveis da atmosfera, ou seja ela se estende na vertical, superando os 10 km de altitude. E os ventos nas camadas mais altas, contribuem para a incursão de ar quente vindos de leste para a região onde a cúpula de ar quente atua, fortalecendo ainda mais a intensidade da onda de calor. Os eventos de “cúpula” de calor são mais conhecidos no hemisfério norte, devido ao maior impacto, principalmente ao seu potencial de causar mortes em crianças e idoso. 

Impactos dos extremos de temperatura nas culturas

A maior preocupação na área onde esta onda de calor atuará, em relação à produção agrícola, é em cima da soja e do milho. Nessas áreas - Argentina, Paraguai, Uruguai e sul do Brasil - a estiagem castiga grande parte das lavouras e a tendência é de uma piora na situação devido a esta onda de calor, uma vez que além das temperaturas extremas previstas os índices de umidade relativa do ar poderão atingir níveis críticos. A baixa umidade do ar e as altas temperaturas contribuem ainda mais para a perda de água das plantas e do solo, por evapotranspiração e evaporação. 

Milho: Limitações por altas temperaturas são mais complexas e de difícil detecção, sobretudo quando estão associadas a déficit hídrico durante estiagens, com elevada demanda evaporativa atmosférica. O déficit hídrico em milho leva ao enrolamento de folhas e ao fechamento de estômatos. A redução no fluxo transpiratório modifica o balanço energético das folhas e pode causar acúmulo de calor, com elevação da temperatura dos tecidos. Os danos podem ser parciais e reversíveis, mas podem levar à senescência e morte de grande parte da área foliar. Durante o florescimento, a combinação de déficit hídrico e altas temperaturas diurnas afetam a polinização e a formação inicial dos grãos, resultando em diminuição do número de grãos por espiga. Noites quentes, durante este estádio, também podem reduzir o número de grãos, afetando a sobrevivência e o desenvolvimento inicial dos grãos

Soja: De maneira geral, a soja tem uma boa tolerância em relação às altas temperaturas. Contudo, eventos de tempo quente, associado a períodos de baixa umidade, predispõem as sementes ao “enrugamento” e a danos mecânicos durante a colheita. Por outro lado, o déficit hídrico acentuado pelo calor e baixa umidade durante a floração e o enchimento de grãos, provocam alterações fisiológicas na planta, como o fechamento estomático e o enrolamento de folhas e, como consequência, aumentam a queda prematura de flores e ocasionam o abortamento de vagens e o “chochamento” de grãos, com a consequente diminuição do número de vagens sadias e o aparecimento de vagens vazias ou “chochas”.

Previsão de Chuvas e Temperaturas.

Já nesta segunda-feira os efeitos da onda de calor já foram sentidos, sobretudo na Argentina, Uruguai, sul do Paraguai e Rio Grande do Sul.  No território nacional a tendência é de que as temperaturas sigam em gradativa elevação no decorrer da semana, atingindo os máximos valores entre quinta e sexta-feira, cobrindo a metade oeste e sul do Mato Grosso do Sul, Oeste do Paraná, extremo oeste de Santan Catarina e grande parte do estado do Grande do Sul. 

As projeções matemáticas divergem em relação aos valores máximos, sendo o modelo norte americano GFS o mais intenso em relação às temperaturas, indicando valores que superam os 44°C na grande região de Uruguaiana na sexta-feira. Mas mesmo nas demais projeções como as do centro europeu, alemão e canadense, os valores das temperaturas previstas se aproximam ou superam os 40°C  em vários pontos dessas regiões. 

Um outro agravante das altas temperaturas são os baixos índices de umidade relativa do ar atingindo níveis críticos, podendo ser inferiores aos 20% no extremo sul do estado Gaúcho e agravando a situação hídrica na região.

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