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Inverno aquece preço do leite em Londrina (PR)

O tipo C está sendo comercializado a R$ 0,53 e o tipo B, a R$ 0,55


Para os produtores de leite que vinham de um período de defasagem, os últimos três meses renderam um aumento de 20% no litro entregue nas cooperativas. O tipo C está sendo comercializado a R$ 0,53 e o tipo B, a R$ 0,55. "É um valor que faz com que o produtor empate o investimento, mas ainda não é satisfatório", afirma Salvador Rico Filho, que há 30 anos produz leite na região de Londrina (PR).

Na fazenda Tangará (há 12 quilômetros de Londrina), ele mantém 80 vacas leiteiras, produzindo 2.100 litros por dia, com uma média de 26 litros de leite por animal. A boa produção, a qualidade de leite (tipo B) e a quantidade entregue na cooperativa, garantem preços competitivos, mas a expectativa é melhorar ainda mais. "Esperamos um aumento de 15% a 20% nos próximos meses".

A expectativa do aumento se dá com a chegada do inverno, que obriga o produtor a tratar do gado no cocho. "No inverno falta pastagem e os produtores têm que entrar com a complementação do alimento. Além da cilagem, os animais são tratados com ração concentrada, o que melhora a produção do leite".

Como o trato do gado nesse período aumenta os custos de produção, o que se vê na cadeia produtiva é um "efeito cascata". Aumentando os investimentos na alimentação, consegue-se um produto melhor, que agrega valor no mercado, o que acaba sendo repassado para o bolso do consumidor. A queda no preço vai acontecer com a maior oferta do produto.

Por enquanto, nos supermercados, o consumidor já percebe um aumento considerável no produto, principalmente no leite longa vida integral. De janeiro a maio deste ano, o produto sofreu um aumento de 25,33%. Em janeiro, o preço do litro do leite foi cotado em R$ 1,30 e no mês de maio, fechou a cotação em R$ 1,63. No mercado, os preços do leite e derivados são apontados como causas do aumento da inflação, já que o produto faz parte da cesta básica.

De acordo com Cristiane de Paula Turco, médica veterinária e consultora da empresa Scot Consultoria, de Bebedouro (SP), o período de entressafra justifica a alteração. "A entressafra, a queda na produção brasileira, além das férias escolares, diminuem a venda do leite longa vida. Como 80% do leite consumido no país é longa vida, a tendência é de alta mesmo", afirma a consultora.

Já existe leite comercializado a R$ 1,87 o litro no varejo, o que aumenta a especulação de que ainda este mês algumas marcas possam ultrapassar a barreira dos R$ 2,00/l. Em alguns supermercados de Londrina, o produto já foi encontrado, na semana passada, até por R$ 2,10 o litro.

Nos próximos dois ou três meses, a tendência é que a produção aumente. A partir de junho e julho, os produtores iniciam o fornecimento de ração para os animais, fator que melhora a produção. "Aumentando a oferta do leite, o preço volta a cair".

A consultora ressalta que o preço de R$ 1,63 o litro, é o mais alto desde setembro de 2004, quando o preço praticado foi de R$ 1,54 o litro. No ano passado, o preço médio do litro de leite foi de R$ 1,40, enquanto o preço mais alto foi registrado em maio, R$ 1,50. Comparando com setembro de 2004, o litro do leite está 8.31% mais caro. "É um valor aceitável dentro do mercado, que ao longo do ano terá um comportamento cíclico, com variações de preços", avalia a consultora.

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