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Julho mantém trajetória de alta para o arroz em casca

Finalmente beira os R$ 30,00 no RS, mas produtor ainda amarga prejuízos


Indicador de preços alcança R$ 29,98 no Rio Grande do Sul, com alta de quase 4%. Mercado chega a R$ 42,00 no Mato Grosso

O mês de julho está chegando ao seu final indicando preços firmes e mais uma ligeira alta nas cotações do arroz em casca no Rio Grande do Sul, conforme era esperado, de acordo com os cenários interno e externo que se apresentam. Por um lado, uma expectativa de manutenção de um bom volume de exportações de arroz em casca e importações abaixo da média anual e que sofrerão a incidência da PIS/Cofins. No cenário doméstico, a resistência dos produtores gaúchos em venderem a matéria-prima, a prorrogação dos vencimentos de financiamentos de custeio e investimentos pelos bancos e o anúncio de que o governo federal refinanciará as dívidas arrozeiras, que chegam a R$ 3,1 bilhões, ajuda a estabilizar o mercado.

Para os analistas de Planeta Arroz, a falta de clareza sobre a expectativa de área plantada no Rio Grande do Sul para 2012/13, em função principalmente do clima e do nível de acesso ao crédito pelos produtores, faltando 60 dias para iniciar o plantio, também ajuda a manter este quadro de preços ligeiramente em alta. Se por um lado o produtor evita vender, por outro a indústria já pensa em pedir uma liberação de estoques do governo federal para fazer frente à demanda. Segundo dados do Irga (via arrecadação da taxa CDO) em junho aumentou a demanda por arroz gaúcho pelo mercado interno. Vale lembrar, que o Mato Grosso se mobiliza para retirar o ICMS de 7% sobre a compra de arroz do Sul do Brasil para abastecer suas indústrias pequenas e médias, que operam com baixos estoques. E poucos produtores têm o grão naquele estado, em função da baixa liquidez diante de outras culturas.

Diante de todo este quadro, mais a informação de que o Mercosul deve manter ou reduzir a área cultivada, principalmente por falta de estoque de água para a irrigação (exceto o Paraguai), o indicador de preços do arroz em casca para o Rio Grande do Sul, Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias - BM&FBovespa, alcançou R$ 29,98 de cotação referencial na última quarta-feira, dia 25 de julho, para a saca de 50 quilos (58x10) colocada na indústria, com pagamento à vista. Em julho, a alta chegou a 3,92%. Em dólares, pela cotação do dia, o preço equivalia a US$ 14,72. Na semana, a média de preços foi de R$ 29,30, subindo 15 centavos de Real frente à semana anterior. Ainda assim, é baixa a oferta de arroz por parte dos arrozeiros. E a indústria resiste em sair às compras pagando mais, alegando – com razão – a dificuldade de repassar os preços da matéria-prima para o varejo/atacado.

No mercado livre, Planeta Arroz apurou que a referência de preços no Rio Grande do Sul gira entre R$ 29,00 e R$ 30,00 nas principais praças, com as variedades nobres alcançando até R$ 34,00 no Litoral Norte (64x6) e R$ 30,00 (60x8) na Fronteira-Oeste. Em Santa Catarina a média de preços também elevou-se para acima de R$ 27,00, enquanto no Mato Grosso as raras sacas que permanecem nas mãos dos produtores superam os R$ 42,00 de referência e não encontram interesse de venda. Corretores informam que já existe oferta de R$ 44,00 por saca de 60 quilos (55% acima) das variedades referenciais, e não há interesse por parte dos agricultores. Santa Catarina deve manter a área cultivada, apesar do agravamento das dívidas dos agricultores.


O Mato Grosso deverá registrar, para a próxima safra, nova redução de área, com mais arrozeiros destinando áreas para a soja, segundo fontes consultadas por Planeta Arroz. Preocupa, na região, a redução da tecnologia empregada em lavouras de arroz para recuperação de áreas de pastagens degradadas ou as chamadas áreas velhas de soja, principalmente. Teme-se que muitos produtores optem por “salvar” grão para uso como semente e isso afete a qualidade e a produtividade da lavoura que restar no estado.

No Rio Grande do Sul, apesar das cotações batendo em R$ 30,00 segundo o indicador oficial, os valores ainda estão abaixo da expectativa de R$ 32,00 que algumas lideranças chegaram a estimar para a entrada de agosto. O limiar paradigmático dos R$ 30,00 do indicador Esalq, todavia, deve ser rompido nestes dias finais de julho.

De uma maneira geral, os analistas consideram que o clima será determinante, doravante, para o estabelecimento dos preços de mercado, bem como a política de governo. Se o câmbio se mantiver com o dólar acima dos R$ 2,00, as doações humanitárias forem mantidas e realmente fizer diferença na redução das assimetrias do Mercosul a volta da incidência da PIS/Cofins (e um possível estabelecimento de cotas de importação), espera-se preços firmes até a próxima safra. Mas, à medida em que as ações de governo atrasarem, os mananciais se recomporem e aumentarem as importações, há uma expectativa óbvia de preços entre estáveis e menores no semestre final do ano safra. De qualquer maneira, o setor aguarda um agosto com preços firmes e trajetória de alta entre 2 e 5%, mantido o atual cenário e asseguradas as ações de governo que são esperadas. A postergação dos vencimentos de custeio e investimentos, porém, pode gerar um pico de baixa em outubro/novembro, se não vierem acompanhadas de um sério programa de refinanciamento das dívidas agrícolas.

MERCADO

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica o preço referencial de R$ 30,00 para a saca de arroz em casca (58x10) no livre mercado gaúcho. A saca de 60 quilos de arroz branco é cotada a R$ 61,00 sem ICMS/FOB. Já os quebrados de arroz mantiveram-se com preços estáveis, de acordo com a demanda para exportação e da indústria de rações, com o canjicão cotado a R$ 34,80 (60kg), a quirera a R$ 32,00 (60kg). O farelo de arroz, FOB/Arroio do Meio (RS), teve leve queda registrada nos últimos 10 dias, voltando ao patamar referencial de R$ 295,00.

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