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Julho registra alta de 6,24% no indicador de preços do arroz para o RS

Arroz em casca valorizado é novidade nas últimas safras


Virada de mês agitada para o setor arrozeiro, com prorrogação de vencimentos e indústria pressionando para o governo liberar estoques

Os últimos 10 dias foram agitados para o setor arrozeiro no Rio Grande do Sul, com reflexos em todo o Brasil, considerando que o estado representa 64% da produção nacional e mantém cerca de 80% dos estoques (público e privado) do cereal no País atualmente. Com o anúncio do Banco do Brasil e do Banrisul de prorrogação dos vencimentos das dívidas dos arrozeiros e financiamentos da safra passada, consolidado na quinta-feira (2 de agosto) com a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de ampliar os prazos também para as operações em instituições privadas, o rizicultor reduziu a oferta do grão.

O mercado imediatamente leu este comportamento como alta e os preços em algumas regiões e municípios gaúchos superaram os paradigmáticos R$ 30,00, que são a referência de custo de produção por saca neste Estado. A alta do PIS/Cofins para o arroz importado e a paralisação dos caminhoneiros serviu de pano de fundo para esta recuperação. Mas, conta, de forma importante, o anúncio do governo federal de que até outubro terá um plano de repactuação das dívidas arrozeiras disponível.

Pela primeira vez o produtor de arroz vislumbra a chance de obter lucro na comercialização este ano, embora carregue um enorme prejuízo da safra anterior. A indústria, diante deste cenário, ampliou sua pressão sobre o governo federal para liberar estoques públicos. Na quinta-feira, chegou a correr um boato de que a Conab realizaria leilões para liberação de estoques públicos já nos próximos 15 dias, para conter a alta do arroz e seu impacto sobre a inflação. Todavia, pelo que se apura junto aos órgãos oficiais, trata-se exclusivamente de comentários, que os arrozeiros julgam estarem sendo plantados pelos industriais após reuniões frustradas com o governo, que por hora se mantém impassível.

De qualquer maneira, a indústria tem de um lado um fornecedor de matéria prima buscando preços compensadores e, de outro lado, o atacado e o varejo, que determinam as cotações do beneficiado, erguendo um paredão para conter qualquer repasse. Os preços médios de venda da indústria, segundo os principais boletins de análise de mercado, estão praticamente estagnados frente ao desempenho do ano passado. Portanto, a margem de lucro foi afetada e força o setor industrial a bancar o aumento exigido pelos produtores ou apelar para o governo liberar estoques, o que lhe permitiria comprar arroz mais barato e, ao mesmo tempo, reduzir os preços no mercado livre. Mas, desta forma, se o governo se sensibilizar, mais uma vez a corda vai estourar do lado do produtor de arroz, o que retorna como outro problema para o governo federal resolver.

CONSUMIDOR

Comparando as tabelas do Dieese, a média de preços do arroz ao consumidor está cerca de 4,5% abaixo dos valores praticados há dois anos no mercado nacional. Isso em valores nominais. E a saca de arroz desvalorizou um dólar neste período. Os produtores consideram que a alta sobre 2011 é recuperação de preços e deve ser desconsiderada para efeito de avaliação, pois trata-se de um ano atípico e de médias muito baixas para a matéria prima.

Diante deste cenário, mais a expectativa de área igual ou menor no Mercosul, incluindo as lavouras gaúchas e do Centro-Oeste brasileiro para a próxima safra, o indicador de preços do arroz em casca para o Rio Grande do Sul, Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias - BM&FBovespa, alcançou R$ 30, 65 no último dia 31 de julho, fechando o mês com alta de 6,24%. A cotação vale para a saca de 50 quilos (58x10) colocada na indústria, com pagamento à vista. Em dólar, a saca equivalia, pela cotação da data, a US$ 14,97.

Nos dois primeiros dias de agosto, o indicador manteve-se em alta, acumulando valorização de 0,36%, para R$ 30,76, o equivalente a US$ 15,00 por saca.

LIVRE

No mercado livre, a referência de cotações para o Rio Grande do Sul gira entre R$ 29,50 e R$ 31,00 nas principais praças, com as variedades nobres alcançando até R$ 35,00 no Litoral Norte (64x6) e R$ 31,00 (60x8) na Fronteira-Oeste. Em Santa Catarina a média de preços também elevou-se para acima de R$ 27,50, enquanto no Mato Grosso a referência fica entre R$ 41,00 e R$ 42,00, mas sem interesse de venda, pelos poucos produtores que ainda têm estoques. A expectativa de agosto se volta para os prognósticos de área da próxima safra nos principais estados, principalmente o Rio Grande do Sul, no Mercosul, alguma intervenção do governo no mercado, o clima e balança comercial do grão em julho.

MERCADO

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica o preço referencial de R$ 30,50 para a saca de arroz em casca (58x10) no livre mercado gaúcho, com valorização de 50 centavos sobre a semana anterior. A saca de 60 quilos de arroz branco é cotada a R$ 61,50 sem ICMS/FOB, com a mesma valorização de 50 centavos. Já os quebrados de arroz tiveram comportamento diferenciado. O canjicão valorizou R$ 1,20 esta semana, passando para R$ 36,00, enquanto a quirera manteve a referência de R$ 32,00, ambos em sacas de 60 quilos (FOB/RS). A demanda por quebrados segue intensa por parte dos exportadores e há alguma competição do segmento de rações. O farelo de arroz, FOB/Arroio do Meio (RS), teve nova alta, voltando ao patamar referencial de R$ 330,00, valorizando mais de 10% (R$ 35,00) a tonelada.

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