Justiça nega novo prazo para compra da São Fernando
Com isso a usina sul-matogrossense se organiza para nova venda
A novela da venda da usina São Fernando, localizada em Dourados (MS), parecia ter tido fim com a compra pela Millenium Bioenergia, que venceu o leilão em maio e deveria R$ 351,65 milhões. Em novembro, o juiz responsável pelo processo negou um pedido da companhia para extensão do prazo de pagamento.
A Millenium havia solicitado no 28 de outubro, à 5ª Vara Cível da Comarca de Dourados (MS), um prazo adicional de 48 dias para efetuar o pagamento pela sucroenergética. Assim, o limite seria adiado até 15 de dezembro, atendendo ao prazo do AtualBank para liberação do valor de financiamento requerido. De acordo com o juiz “o acordo foi homologado e redigido pelas empresas proponentes, portanto, não há motivo para deferir novos prazos”, encerrando assim o processo.
A Millenium havia se comprometido a fazer o pagamento até 28 de outubro, como consta no acordo firmado em agosto. Antes dela, tinham preferência de compra a AGF Indústria Produtora de Açúcar, Etanol e Energia Elétrica e o consórcio de investidores EGS – porém, todos perderam seus prazos.
Segundo o administrador judicial da São Fernando, Vinicius Coutinho, informou ao site especializado Nova Cana, a usina já está se preparando para novas possibilidades em 2022. “Nós estamos pegando todos os processos de venda que ocorreram desde o início da falência e analisando tudo. Vamos estabelecer um critério que gere menos discussão e seja mais rápido, procurando uma melhor solução”, destaca.
A usina foi inaugurada em 2009, na época um dos maiores projetos de produção de açúcar e etanol do país. Entrou em recuperação judicial e posterior falência em 2013. Já esteve em leilão, em 2017. Na ocasião, a empresa, que tem dívidas de cerca de R$ 2 bilhões, teve um lance mínimo de R$ 716 milhões. Na época, uma empresa ofereceu R$ 825 milhões, mas a justiça avaliou que a proponente não teria condições de arcar com o compromisso.
A Massa Falida da Usina São Fernando, que pertencia à família do empresário José Carlos Bumlai, condenado na Operação Lava Jato, é um dos poucos sistemas de falência em continuidade. A administração da Vinicius Coutinho Consultoria e Perícia moeu 1 milhão de toneladas no ano passado e planeja moer 600 mil toneladas nesta safra.