Laranja deve crescer 150% na região de Duartina (SP)
Os pomares devem passar de 2,2 milhões de pés para 5,5 milhões e atrair uma empresa de processamento de suco
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A laranja é o novo motor propulsor da agricultura da região de Duartina (SP). Atualmente são 2,2 milhões em produção. Até o final do ano, este número deve ser incrementado e atingir os 5,5 milhões, com entrada em produção de 3,3 milhões de novos pés, ou seja, um crescimento de 150% nos pomares de cítricos.
Duartina, Lucianópolis e Ubirajara formam a área considerada a nova fronteira da citricultura, graças a um trabalho conjunto realizado de 1994 a 1997. As boas notícias não acabam por aí. Há indícios de que uma empresa de grande porte do segmento instale uma fábrica de processamento da laranja entre Santa Cruz do Rio Pardo e Duartina.
A empresa, que não teve seu nome divulgado pela fonte, que prefere manter o sigilo, instalaria uma filial para atender esse triângulo que já contabiliza mais de cinco milhões de pés de laranja.
A corrida pela região tem duas causas definidas. A primeira delas, detetada em 94 e sanada em 97 por um trabalho conjunto da Secretaria da Agricultura, Sindicatos rurais, prefeituras e agricultores, foi a erradicação do cancro cítrico. “Esse foi o primeiro impulso.” comenta o engenheiro agrônomo da Casa da Agricultura de Duartina, João Pacheco.
A partir de 97, a área ficou livre do cancro cítrico e, coincidentemente, a região ganhou um segundo impulso, o aparecimento de doenças fatais nas regiões tradicionais de plantio de citrus.
Para se ter idéia da mudança, em 94, quando começou o trabalho conjunto, as áreas de pastagens representavam 70%. Dez anos depois da erradicação do cancro cítrico, ela diminuiu para 40%. A constatação é do engenheiro agrônomo.
“As pastagens cederam espaço para laranja. Atualmente são três grandes culturas e laranja nessa região é predominante. Ela vai atingir todos os municípios do entorno, Paulistânia, Cabrália Paulista, Alvinlândia, até chegar em Santa Cruz”, diz Pacheco.
Sem doenças que atacam os cítricos, as terras foram valorizadas, frisa Pacheco. “Em 94, o alqueire valia o equivalente a R$ 4 mil. A mesma terra hoje custa de R$ 20 mil a R$ 30 mil. Todo mundo ganhou com o trabalho desenvolvido. Os citricultores vieram comprar terras nos três municípios, Duartina, Lucianópolis e principalmente Ubirajara.” Em Ubirajara há 800 mil pés de laranja produzindo, 152 pés de morgote e 65 mil de poncã.
Epopéia
Em 1994, o prefeito de Ubirajara queria um diagnóstico para saber porque a laranja não ia para os municípios de Duartina, Lucianópolis e Ubirajara. A Secretaria da Agricultura através, da Cati, realizou o diagnóstico: muito cancro cítrico. “Os prefeitos dos três municípios pediram providências. Juntos, eles traçaram metas e objetivos para três anos, comenta o engenheiro agrônomo de Duartina, João Pacheco. “A Cati junto com o sindicato patronal rural fez uma reunião com os agricultores para tornar a região citrícola.”
O trabalho foi desenvolvido com mão de obra de outras regiões. “O Sindicato providenciou dinheiro para transportar o pessoal, os agricultores cuidaram da alimentação e a Cati e as prefeituras ficaram responsáveis pelo alojamento.”
Três anos de trabalho resultaram na erradicação da doença e transformaram a realidade regional. “A região tinha perto de 66 mil pés de cítricos. Hoje, só de pés novos, temos 3,3 milhões e vamos chegar ao final do ano com 5,5 milhões de pés.”
Migração
Uma das causas para o crescimento do cultivo de laranja na região de Bauru é a migração das plantações da região de Bebedouro, onde as pragas atingem os laranjais sem pedir licença.
“Isso o pessoal não fala. O cultivo da laranja é de risco, com custeio caro e é dominado por três ou quatro empresas no Brasil. O agricultor fica na mão dessas empresas”, critica o presidente do Sindicato Rural de Bauru, Maurício Lima Verde.
Segundo ele, as terras dessa região do Estado reúnem condições favoráveis ao plantio do cítrico. “A região é relativamente virgem para a citricultura e o clima ajuda. Um levantamento da Secretaria da Agricultura, há mais de 10 anos, elegeu essa área como a mais apta para o cultivo de citrus.”
Para o engenheiro agrônomo da Casa da Agricultura de Duartina, João Pacheco, três itens atraem os citricultores para aquela região. “O clima, o preço da terra e a extinção do cancro cítrico. De outubro a fevereiro deste ano foram vendidas 40 propriedades rurais nessa região.”