Laranja em baixa
Produtores paulistas reclamam do preço baixo recebido pela caixa da fruta. Quem está sem contrato não consegue renegociar
Produtores de laranja de São Paulo estão reclamando do preço baixo recebido pela caixa da fruta. Quem está sem contrato não está conseguindo renegociar.
Laranjas maduras no pé e no chão. É prejuízo. A propriedade administrada por André Martinez tem 80 mil pés de laranja para a fabricação de sucos. Desde 2007, ele está sem contrato. Vende as caixas na porta da indústria pelo preço do dia. Para ele, hoje nem adianta tirar as frutas do pé.
No ano passado, a colheita na propriedade começou na primeira semana de junho. Na época, o preço obtido foi de R$ 13,50 por caixa. Agora, o preço oferecido caiu muito. “As empresas ofereceram R$ 3,50 por caixa”, disse seu André.
O agricultor Humberto Nucci também está com os pés carregados. O contrato dele com a indústria terminou no ano passado. Na época, ele vendeu a caixa por US$ 4,50, o que equivalente a cerca de R$ 8,60. Por enquanto, ninguém chamou o produtor para renovar o acordo. Ele recebeu apenas uma oferta de venda, que não agradou. “Para vender a R$ 3,50 eu prefiro deixar no pé e deixar estragar. Pagar para colher é difícil”, reclamou.
O agricultor Gilmar Azevedo tem contrato com a indústria. Para esta safra o acerto é de US$ 3,50 a caixa. Pelo câmbio da quarta-feira desta semana o valor corresponde a R$ 6,75. O valor, segundo ele, não compensa. “O custo de produção chega perto de R$ 10,50 a R$ 11, sem contar investimento em maquinário ou outras coisas. É uma diferença de R$ 4 por caixa. Isso já vem de três anos. Esse contrato está me deixando frustrado”, disse.
Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos, a redução no preço da caixa de laranja é reflexo da diminuição do consumo mundial. Nos últimos oito anos, a queda foi de 17%.
