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Laudo de laboratório federal aponta água oxigenada em leite cru da Casmil

O resultado do trabalho foi entregue ao Ministério Público Federal em Passos (356 km de Belo Horizonte), onde fica a Casmil


Laudo emitido pelo Lanagro (Laboratório Nacional Agropecuário) com resultados das análises do leite produzido pela Casmil (Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro) apontou presença de peróxido de hidrogênio (água oxigenada) no produto cru resfriado. A Folha obteve cópia do laudo produzido pelo laboratório, vinculado ao Ministério da Agricultura. O resultado do trabalho foi entregue ao Ministério Público Federal em Passos (356 km de Belo Horizonte), onde fica a Casmil.

A adição da água oxigenada, segundo os técnicos do laboratório, pode mascarar más condições de higiene.

A Nestlé e a Parmalat eram as principais compradoras de leite cru da Casmil. A comissão de intervenção nomeada pela Justiça para a cooperativa informou que, dos 180 mil litros vendidos diariamente para outras empresas, 100 mil litros seguiam para as duas gigantes do setor e o restante era vendido para pequenas empresas. O promotor Paulo Márcio da Silva afirmou que, inicialmente, a apuração mostra que Nestlé e Parmalat são vítimas e adquiriam o produto sem saber da adulteração.

"Partimos do pressuposto que são vítimas, até porque um funcionário do SIF (Serviço de Inspeção Federal) [que foi preso] ganhava dinheiro para fraudar laudos." Ele não soube dizer há quanto tempo as empresas compravam leite da Casmil, mas afirmou que alguns carregamentos eram devolvidos por não terem sido aprovados nos testes de qualidade das próprias empresas que, segundo o promotor, são "rigorosos".

"A fraude por adição de peróxido de hidrogênio em leite cru, ao qual se aplica a definição de conservante, se reporta ao seu efeito antibacteriano, permitindo que más condições higiênico-sanitárias de obtenção, conservação e transporte sejam dissimuladas", diz o ofício assinado por técnicos e coordenadores do Lanagro. As amostras analisadas foram tiradas de dois caminhões-tanque que haviam acabado de deixar a Casmil, em 16 de agosto. Os caminhões tinham como destino o Laticínios Suíço-Holandês e a Nestlé.

O laudo diz que, além do peróxido de hidrogênio, foi constatada a presença de soro (resultante da fabricação de queijo) no produto. Essa identificação foi feita por meio da medição de CMP (caseinomacropeptídeo), que atesta a qualidade do leite cru resfriado. Pelos índices encontrados, o leite não poderia ser consumido. Os índices de CMP registrados nas três amostras analisadas foram de 152,4 mg/L (miligramas por litro), 144,6 mg/L e 143,6 mg/L. A quantidade máxima permitida é de 75 mg/L.

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