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Lavoura pode produzir com árvores crescidas no ILPF

Lavouras de soja e milho tiveram comportamentos diferentes


Foto: Gabriel Faria

Uma pesquisa abre novas possibilidades para os produtores que praticam o sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O estudo desenvolvido pela Embrapa Agrossilvipastoril (MT) mostrou que a lavoura pode se manter produtiva mesmo quando as árvores estão crescidas.

Algumas ações simples mantém o potencial da lavoura. Avaliações realizadas no campo experimental do centro de pesquisa mostraram que fazendo o desbaste e a desrama, elevando-se a copa dos eucaliptos, reduz-se a sombra sobre a cultura agrícola. Isso permitiu à soja recuperar, por até dois anos, a produtividade de uma lavoura sem sombreamento. No caso do milho, também houve a recuperação da produtividade, porém o efeito só é sentido em uma safra.

O manejo deve ser feito antes que ocorra a redução de produtividade. A rotação de agricultura e pecuária ganha importância não só econômica. A rotação das culturas promove a quebra do ciclo de pragas e doenças e melhoria da fertilidade do solo. “Isso não é problema, pois o produtor que quiser rotacionar o pasto, pode fazer uma safra de soja seguida de milho e, no ano seguinte, outra de soja seguida da semeadura da forrageira, retornando à pecuária no sistema silvipastoril, com um pasto recuperado”, explica o pesquisador da Embrapa Ciro Magalhães.

Como foi a pesquisa

A pesquisa foi feita analisando tratamentos de ILPF com renques de eucalipto plantados inicialmente em linhas triplas, com distância de 30 metros entre si. A primeira intervenção nas árvores ocorreu após o quinto ano de implantação, quando algumas parcelas tiveram as linhas externas dos renques suprimidas, tornando-as sistemas de linha simples, com distância de 37 metros entre si. As demais parcelas tiveram desbaste seletivo de 50% das árvores, mas mantendo as linhas triplas. 

Antes da intervenção nas árvores, a soja em ILPF estava obtendo 80% da produtividade da lavoura sem sombra, enquanto o milho produzia 67% do potencial produtivo. Após essa intervenção a soja produziu 80%, 87% e 66% do potencial produtivo nos três anos seguintes no sistema que se manteve em renques triplos. Já no sistema com renques simples, a recuperação foi maior, com 93%, 97% e 76% de produtividade, respectivamente. 

Já o milho, no caso do sistema com renques triplos, a lavoura, além de não recuperar a produtividade, continuou caindo, mesmo com a intervenção. A produção que estava em 70% foi para 64%, 60% e chegou a 47% do potencial obtido na área de lavoura sem sombra. No sistema com linhas simples, houve uma recuperação, mas menor que a da soja. No primeiro ano produziu-se 85% do potencial, no segundo 79% e no terceiro, 71%.
Diante disso, nova intervenção foi feita nas árvores antes da 9ª safra. Todas as áreas com renques triplos tiveram desbaste nas linhas externas, tornando-se linhas simples. Além disso, foi feita a desrama em todas as árvores dos dois tratamentos analisados, até a altura de 12 metros. 

A intervenção mais uma vez se mostrou positiva para a lavoura, possibilitando que a soja retomasse a produtividade para níveis estatisticamente iguais aos da área de referência. No caso do milho, isso aconteceu na área que era anteriormente renque triplo. Já na área que já estava com renques simples, a desrama possibilitou recuperação da produtividade, mas ainda ficando com 85% do potencial. O maior número de árvores na área que não teve o corte de 50% dos indivíduos, ainda que estivessem em linha simples, reduziu a entrada de luz para as plantas.

* com informações da Embrapa
 

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