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Leite de búfala ganha espaço

 As búfalas produzem em seu leite a proteína beta-caseína A2, que não causa alergia


Foto: Divulgação

O Brasil tem um rebanho de búfalos de cerca de 3 milhões de cabeças. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019 houve crescimento de 6,6%. Nos anos anteriores a criação explodiu no país. Em 2005, por exemplo, o avanço foi mais de 1.806% e nos últimos dez anos de 300%. É o maior rebanho bubalino das Américas.


Os primeiros búfalos chegaram ao Brasil em 1895, na Ilha do Marajó (PA) e hoje são comuns as raças Mediterrâneo, Murrah, Jafarabadi e Carabao. O animal rústico tem aptidão para carne e leite. E é justamente o potencial leiteiro que vem chamando a atenção de muitos consumidores.

Uma esquisa realizada pela Datafolha em 2017 revelou que no Brasil, 35% da população com idade acima de 16 anos, cerca de 53 milhões de pessoas, relatam algum tipo de desconforto digestivo após o consumo de derivados do leite de vaca. Geralmente, tais reações estão ligadas à ingestão da beta-caseína A1, proteína que é definida como uma reação imunológica adversa à proteína presente no leite, diferente da lactose. É a alergia alimentar mais comum em crianças e pode desencadear alergia a outros alimentos, como amendoim e ovo, por exemplo.

 As búfalas produzem em seu leite a proteína beta-caseína A2, que não causa alergias ou reações negativas no organismo humano. Algumas vacas também produzem a proteína, porém, considerando todo o rebanho mundial, apenas 25% das vacas possuem o gene que produz a proteína A2 no leite. Já entre as búfalas, o gene está presente em 100% da espécie, garantindo assim uma produção completamente livre da proteína A1.
 
Pesquisa da Embrapa realizada em 2019 aponta que o queijo de búfala chega a ter 48% mais proteínas do que o laticínio comum, feito com leite de vaca, além de 59% mais cálcio (ideal para prevenção de osteoporose e cáries), 47% mais fósforo (proporcionando bom funcionamento do cérebro), 30% menos colesterol e o dobro de ácido linoléico, que auxilia na prevenção do câncer e das diabetes, sem contar o alto teor de vitaminas A,D, E, B2 e B6. 

Os produtos à base do leite de búfala também são ricos em imunoglobulinas, proteínas que têm a função de reconhecer, guardar e neutralizar antígenos e criar anticorpos específicos contra diversos vírus, além de lactoferrinas, presentes no soro e que possuem ação multifuncional. Os laticínios de búfala contam ainda com lisozimas, enzimas que atuam na defesa contra bactérias e possuem função digestiva; e lactoperoxidases, compostos com forte ação antibacteriana.

O Vale do Paraíba (SP) é uma das principais regiões produtoras de leite de búfala. Hoje o litro do leite está sendo vendido entre R$ 2,40 a 2,50 e os produtores já investem no sistema vertical de produção para ter mais lucros. Em Amparo (SP) fica localizada uma dessas fazendas, a Sesmaria. São 500 bubalinas que produzem 45 mil litros de leite no mês para fabricação de 5,5 mil quilos de laticínios Premium. 

Atualmente, são comercializadas 50 mil burratas por mês, sendo que há cinco anos o produto quase não era conhecido no país. A companhia espera superar a marca de R$ 25 milhões em vendas em 2020.  Segundo Ricardo Cotrim, CEO da Búfalo Dourado, o leite de búfala oferece ainda mais benefícios ao consumidor. “As búfalas são mais resistentes às doenças do que as vacas, por isso são menos sujeitas a receber medicações, como antibióticos e anti-inflamatório. Desta forma, produzem um leite mais saudável e sem toxinas ou risco de contaminação, fatores que valorizam a matéria-prima em termos de proteínas e rendimentos”, ressalta. 
 

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