Lesmas estão atacando a soja no Paraná
O solo úmido devido a chuva tem sido propicio para a proliferação das lesmas nas lavouras de soja
O solo úmido devido a chuva que tem ocorrido nos últimos dias tem sido propicio para a proliferação das lesmas nas lavouras de soja. Na região de Campo Mourão (PR), Engenheiros Agrônomos e agricultores estão preocupados com os ataques, pois ainda não há nenhum tipo de produto com eficácia comprovada que possa eliminar a praga. Eles aparecem especialmente em ambientes onde há umidade e proteção do sol forte, como as áreas de plantio direto.
Em anos com maior concentração de chuvas, esse molusco encontra melhores condições de proliferação, e o controle se torna ainda mais complicado. De acordo com o engenheiro agrônomo da Coamo, Gilberto Guarido, na região as lesmas começaram a aparecer nos últimos quatro ou cinco anos, mas que dessa vez com mais intensidade.
Ele diz que a praga ainda é muito pouca estudada e que normalmente não causa grandes problemas para a lavoura de soja. "Mas sabemos que em outros países, como na Argentina por exemplo, há problemas sérios que afetam a soja e o milho". O controle é difícil, pois são poucos os produtos conhecidos e a maioria deles indicados para áreas pequenas. "Em áreas grandes como de soja ou milho não se tem um produto que possa acabar com a praga com eficazes", explica.
Guarido revela que na região está sendo realizado testes de produtos para acabar com a praga. Ele diz que existem muitos mitos com relação a eliminação das lesmas. "Falam bastante de aplicações de uréia, sal de cozinha dentre outros. Porém, o mais promissor até o momento foram alguns relatos de produtores com a utilização de sulfato de cobre", comenta. O engenheiro revela que com vários dias de sol espera-se que haja uma diminuição da praga.
Ele acrescenta que muitas vezes os produtores fazem uma aplicação de sulfato de sódio ou até mesmo uréia e a praga desaparece mas, que isso, é devido as condições climáticas e não o uso dos produtos que não são favoráveis. "Isso dificulta muito para nós, pois os produtores passam a usar produtos sem critérios. Muitas vezes o que eles estão fazendo é estragando suas máquinas com a utilização de sal ou uréia sem que haja uma eficácia comprovada" .
Ao detectar o problema, conforme Guarido, o melhor que o agricultor pode fazer é procurar o agrônomo que dá assistência e se informar sobre a possibilidade e necessidade de se fazer o controle. "Muitas vezes não há a necessidade de se fazer o controle. Existem casos também que o produtor ainda nem efetuou o plantio e já há incidência muito grande dos caracóis. Principalmente para esses casos é interessante que haja assistência de um profissional", observa.
Ainda segundo Guarido, os inseticidas normais utilizados para a cultura da soja não tem eficiência contra as lesmas e não adianta o produtor aumentar a dose ou aplicar produtos fortes no inicio do cultivo que irá causar um desequilíbrio ainda maior. Ele conclui que se eliminar o inimigos naturais na fase inicial poderá enfrentar problemas sérios no controle de pragas. "Tem que haver um cuidado muito grande e não usar inseticidas indiscriminadamente sendo que a maioria, com certeza absoluta, não tem efeito contra os caracóis e causa danos aos inimigos naturais", finaliza.
Indicações- Iscas preparadas com o princípio ativo metaldeído têm ação fulminante contra a praga, mas é preciso usar o defensivo na concentração adequada: para cada hectare plantado, recomendam-se 20 quilos do produto, que deverá ser distribuído manualmente por toda a lavoura, antes do plantio da soja, repetindo-se a dosagem, quando necessário, uma semana ou dez dias após as plantas terem germinado.
No estado do Paraná, a primeira aplicação é feita em meados de outubro, antes do plantio, caso o produtor observe a ocorrência de lesmas no campo, e a segunda, um mês depois. Esse controle, no entanto, poderá se tornar oneroso para áreas superiores a dois hectares, já que o produto é vendido em embalagens de 250 gramas e custa em torno de 4 a 5 reais.
Solução um pouco mais barata seria preparar uma fórmula utilizando o inseticida cartap (1%), levedura de cerveja (3%) e farelo de soja (96%). A quantidade a ser aplicada em um hectare e a época mais recomendável para isso são as mesmas indicadas anteriormente, e a distribuição do produto na lavoura pode ser feita utilizando-se uma máquina de espalhar calcário.
O sal de cozinha costuma ter grande efeito no controle das lesmas, desde que usado em concentrações superiores a 5%. Mas é preciso cuidado para evitar que a solução de sal não queime as plantas. O ideal é fazer a aplicação somente no meio das linhas da lavoura, nunca sobre as plantas. Seja qual for o tipo de controle adotado, é bom fazê-lo sempre no final da tarde. De hábitos noturnos, esses moluscos raramente saem de seus abrigos durante o dia. É importante também evitar os períodos muitos chuvosos para fazer as aplicações, já que a água da chuva dilui o produto, diminuindo sua eficácia.
Os prejuízos causados pelas lesmas podem ser grandes, principalmente quando a soja ainda está pequena. Se o ataque for severo, a praga pode até matar a planta. De modo geral, as perdas maiores ocorrem nas áreas mais úmidas do terreno, onde há maior concentração dos moluscos e, dificilmente, em toda a área de plantio, já que sua distribuição pela lavoura não é uniforme. Nos casos mais graves, em áreas onde o ataque já é recorrente, uma saída seria optar pelo plantio convencional, por um ou dois anos, retornando em seguida ao plantio direto, lembrando que a medida deve ser adotada somente nos pontos mais problemáticos do terreno, e não em toda a lavoura.
O emprego da uréia para controle de lesmas, até onde se sabe, não é eficiente. Essa substância é geralmente usada no controle de outro molusco, o caracol, que ocorre na época da colheita, quando as folhas da soja já estão secas. A sua aplicação na lavoura com plantas ainda verdes não é recomendada, sob o risco de danificar suas folhas e comprometer o desenvolvimento da soja.