Lula defende redução do superávit com Venezuela e México
Brasil tem que aumentar as importações dos países que são seus parceiros
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira (20-03) medidas para reduzir o enorme superávit comercial que o Brasil tem com países como a Venezuela e o México.
Em discurso realizado durante a cerimônia de inauguração do complexo industrial da Perdigão, na cidade de Mineiros, em Goiás, Lula disse que, além de aumentar suas exportações, o Brasil também tem que aumentar as importações dos países que são seus parceiros.
Lula citou o México como exemplo, e disse que é preciso importar mais produtos mexicanos, e equilibrar a relação com o país, além de diminuir o superávit brasileiro.
"É muita vantagem para o Brasil. Manter esse equilíbrio de comprar um pouco e vender um pouco é que dá uma certa justeza ao comércio internacional", afirmou.
De acordo com o chefe de Estado, o Brasil está com uma grande vantagem comercial em suas relações com muitos países, e é necessário buscar um comércio mais justo.
Outro país latino-americano citado por Lula é a Venezuela, com quem o Brasil tem um superávit aproximado de US$ 3 bilhões.
"Como eles só produzem petróleo e nós não precisamos comprar petróleo deles, chega um momento em que (o superávit) começa a criar problemas. Vamos ter de comprar alguma coisa (dos venezuelanos)", acrescentou.
O fluxo comercial entre Brasil e Venezuela saltou de US$ 2,470 bilhões, em 2005, para U$ 4,160 bilhões em 2006, com um superávit de US$ 2,96 bilhões para o Brasil.
Já as exportações brasileiras para o México somaram U$$ 4,440 bilhões no ano passado, com um saldo comercial favorável ao Brasil de US$ 3,13 bilhões.
Lula também se referiu ao caso da Rússia, país para o qual o Brasil quer vender mais carne, apesar de não importar "quase nada".
"Nós reivindicamos tanto que a Rússia compre a nossa carne. E a gente pergunta de vez em quando: "O que nós compramos da Rússia?".
Não compramos quase nada. Se o Brasil quiser que a Rússia compre mais carne do Brasil, nós precisamos mostrar aos russos que precisamos comprar alguma coisa deles", disse.
Graças ao crescente aumento de suas exportações para todo o mundo, o país obteve, no ano passado, um superávit comercial recorde de U$ 46,077 bilhões, conseqüência de exportações no valor total de US$ 137,471 bilhões e importações de US$ 91,394 bilhões.