O moinho cearense M. Dias Branco, que está investindo R$ 500 milhões na construção de um complexo industrial em Aratu (BA), fechou parceria com o governo da Bahia para transferência de tecnologia e formação e capacitação de mão-de-obra na área de panificação. A companhia detém 30% do mercado de massas e biscoitos nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Produtora da farinha de trigo multivitaminada, o produto servirá de matéria-prima na fabricação dos produtos do Programa Mais Pão, lançado pelo governo baiano para incentivar a melhoria da qualidade nutricional do pão. A farinha enriquecida será comercializada pelas 415 lojas da rede Cesta do Povo, da Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), ligada ao governo estadual. A expectativa é de que sejam comercializadas mensalmente 100 mil sacas do produto.
O projeto será colocado em prática mesmo antes da inauguração do complexo industrial que o M. Dias Branco está construindo na região de Aratu (BA), prevista para dezembro de 2003. "É uma forma de entrarmos com pé direito no estado", diz o diretor comercial da divisão de moinhos da empresa, Luiz Eugênio Pontes. O empreendimento de Aratu será composto por moinho de trigo, fábrica de biscoitos e massas e terminal portuário, que devem somar investimentos de cerca de R$ 500 milhões. Desse total, R$ 280 milhões se destinarão à parte industrial. As obras foram iniciadas em fevereiro deste ano e ocupam um terreno de 354 mil metros quadrados, dos quais 120 mil serão de área construída.
O moinho de trigo, que terá capacidade para processar 1,8 mil toneladas por dia, já teve instalados os silos de armazenamento. Também foram iniciadas as escavações para fundação da fábrica de biscoitos e massas. O terminal portuário está em fase de definição de equipamentos. A previsão é de que ele movimente cerca de 50 mil toneladas de grãos por mês, entre importação de trigo e exportação de biscoitos produzidos na fábrica, para mercados como os Estados Unidos.
Enquanto o complexo não fica pronto, a farinha aditivada Medalha de Ouro, como foi batizado o produto, será fornecida ao governo baiano pelos moinhos da empresa situados em Fortaleza e Natal. De acordo com Pontes, o lançamento do produto exigiu recursos da ordem de US$ 1 milhão apenas em equipamentos. "O principal desafio foi promover a adição com ferro e vitaminas sem alterar a cor, o sabor e o odor da farinha", aponta.
Além de suprir as deficiências nutricionais, o programa iniciado na Bahia visa resgatar a qualidade da cadeia produtiva do pão, por meio de iniciativas como o lançamento de um fundo de financiamento para qualificação dos 60 mil trabalhadores do ramo no estado. A ação terá a parceria do Sebrae e da Federação das Indústrias (Fieb), através do Senai. Também está prevista a utilização de um selo de qualidade para identificar os estabelecimentos legalizados que cumpriram as exigências de controle determinadas pela nova fórmula nutricional.
A presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de Salvador (Sindipan), Andréia Lago, diz que esta é a primeira vez que o setor participa de um projeto dessa abrangência. "O importante é aliar a busca de maior qualidade para o alimento e restabelecer o papel do setor de panificação", afirma.