CI

Maioria das misturas em tanque de espirodiclofeno e ciflumetofem com inseticidas não interfere no período de controle do ácaro da leprose

Em campo, os resultados indicam que as misturas testadas não interferem no período de controle do ácaro


Dissertações realizadas no Mestrado Profissional em Controle de Doenças e Pragas dos Citros – MasterCitrus, do Fundecitrus, avaliaram no campo o efeito de misturas em tanque de pulverização dos acaricidas espirodiclofeno e ciflumetofem com cinco inseticidas utilizados para o psilídeo sobre o controle do ácaro da leprose.

“Em campo, os resultados indicam que as misturas testadas não interferem no período de controle do ácaro”, diz o pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi, orientador dos trabalhos. “No entanto, como uma pesquisa anterior em laboratório indicou que espirodiclofeno com imidacloprido reduz a mortalidade do ácaro [leia abaixo], essa mistura não é recomendada”, afirma.

De acordo com Bassanezi, a diferença dos resultados obtidos em laboratório e campo pode estar relacionada a outros fatores que favorecem o aumento da população do ácaro após a aplicação do acaricida. “As razões podem ser as condições climáticas favoráveis, a ausência de inimigos naturais ou o aumento da fecundidade e longevidade do ácaro pela ação de inseticidas e fungicidas usados no controle de outras pragas e doenças”, indica.

Espirodiclofeno + inseticidas

Na primeira pesquisa, o engenheiro agrônomo Marcio Alexandre Jorge testou em três experimentos o controle do ácaro proporcionado pelo acaricida espirodiclofeno (4,8 g de ingrediente ativo – i.a./100 L de água) aplicado sozinho ou em mistura com os seguintes inseticidas e doses (i.a. por 100 L de água): dimetoato (50 g), clorpi-rifós (96 g), imidacloprido (4 g) e beta-ciflutrina (0,5 g). O volume de calda utilizado foi de 93 a 124 mL/m³ de copa.

Ciflumetofem + inseticidas

Na segunda pesquisa, o engenheiro agrônomo Tony Anderson Florian dos Santos avaliou em dois experimentos o efeito do acaricida ciflumetofem (8 g de i.a./100 L de água) utilizado sozinho e em mistura com os seguintes inseticidas e doses (i.a. por 100 L de água): imidacloprido (4 g), dimetoato (40 g), clorpirifós (48 g) e fenpropatrina (2,25 g) com ou sem a adição de enxofre (200 g). O volume de calda aplicado foi de 160 a 170 mL/m³ de copa. Foram avaliados a eficiência de controle após a aplicação (redução da população inicial do ácaro após a aplicação ou o tempo para o índice de infestação zerar), o período de controle do ácaro e o índice de infestação médio da aplicação até o final do experimento.

Como resultado, não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos sem e com misturas de inseticidas aos acaricidas em nenhuma das variáveis, concluindo-se que os inseticidas testados, assim como o enxofre, aplicados em mistura não afetaram a eficiência de controle do ácaro da leprose pelos acaricidas espirodiclofeno e ciflumetofem.

Em ambos os trabalhos, outros fatores foram mais importantes na diminuição do período de controle do ácaro: alto índice de infestação no momento da aplicação (acima de 5% de órgãos com ácaro), plantas não podadas e com frutos antes da aplicação e condições climáticas favoráveis ao ácaro após a aplicação dos tratamentos.

Inseticidas e período de controle do ácaro

O trabalho de Jorge avaliou também o período de controle do ácaro pelo acaricida espirodiclofeno em talhões com frequências de aplicações de inseticidas de 7 a 8 dias, 10 a 12 dias e 15 a 19 dias. Observou-se que o período de controle foi significativamente menor nos talhões onde houve uma maior frequência de aplicação (intervalos menores que 12 dias).

“Esta é uma evidência de que pode estar ocorrendo a indução de hormese no ácaro da leprose pela maior frequência de pulverizações com inseticidas”, conclui Bassanezi. “Alguns inseticidas utilizados para o controle do psilídeo são aplicados em doses que não são letais para o ácaro da leprose e, dependendo do inseticida, pode estimular sua oviposição, viabilidade dos ovos e longevidade, favorecendo sua multiplicação após o tratamento com acaricida e levando a uma reinfestação mais rápida do ácaro no pomar”, explica o pesquisador.

Testes em laboratório

Em 2018, uma pesquisa apoiada pelo Fundecitrus e realizada pelo professor Daniel Andrade e pela doutoranda Jaqueline Della Vechia, da Unesp de Jaboticabal, avaliou a compatibilidade de três acaricidas (i.a./100 L de água) isolados (espirodiclofeno 6 g, propargite 18 g e ciflumetofem 5 g) e em mistura com 11 inseticidas (i.a/100 L de água) amplamente utilizados na citricultura (abamectina 3,6 g, beta-ciflutrina 1,25 g, bifentrina 2 g, buprofezina 25 g, clorpirifós 67,5 g, cipermetrina 4,5 g, dimetoato 75 g, fosmete 25 g, imidacloprido 4 g, piriproxifem 7,5 g e tiametoxam 5 g). Tanto os acaricidas isolados quanto as misturas não apresentaram incompatibilidade fisicoquímica, no entanto, misturas de espirodiclofeno com imidacloprido, bifentrina, cipermetrina e fosmete reduziram de 10 a 20% a mortalidade do ácaro da leprose.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.