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Mais de 600 mil toneladas de tabaco já foram entregues

Conforme a Afubra, cerca de 93% da produção do ciclo 2019/20 nos três estados do Sul já foi comercializada


Foto: Marcel Oliveira

Com a aproximação da metade de julho, a comercialização do tabaco da safra 2019/20 se aproxima bastante do final, e já permite dimensionar de maneira mais clara e efetiva a produção total na temporada. Conforme números informados nessa segunda-feira, 13, pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), com base em dados recolhidos até o último sábado, 11, 601.702 toneladas haviam sido entregues pelos produtores dos três estados da região Sul às indústrias às quais estão vinculados, o que representa 93% da estimativa inicial para esta safra, de 646.991 toneladas.

Em 2019, até o dia 13 de julho, usado como parâmetro, 97% do volume da estimativa inicial da safra 2018/19 havia sido comercializado. Os produtores tinham vendido 670.865 toneladas da projeção inicial de 691.613 toneladas.

Conforme o presidente da Afubra, Benício Albano Werner, mesmo que, pela estimativa inicial, apenas cerca de 7% do tabaco ainda siga nas propriedades dos produtores rurais nos três estados do Sul, e com concentração em algumas poucas áreas, nas quais o ciclo da cultura é mais tardio, ainda não é possível ter dimensão clara do desempenho final da temporada em termos de produção. Ele adverte que a estimativa de quebra de safra para os três estados pode chegar a até 5%, mas a quebra maior será mesmo verificada no Vale do Rio Pardo, uma região muito castigada pela estiagem ao final do ano passado e no começo deste ano, e que pode ter recuo de 20% na produção.

De acordo com Werner, ainda que a comercialização esteja avançando para o final, por informações das empresas fumageiras, em algumas regiões, as de ciclo mais do cedo, a compra da safra deve se encerrar já nesta quarta-feira, 15, principalmente nas filiais. No entanto, em virtude do período de parada na compra por causa da pandemia, a comercialização ainda deve se estender até meados de agosto, de maneira que o restante do tabaco, a ser adquirido em regiões específicas, será incorporado pelas empresas em ritmo mais lento, e talvez já com equipes menores.

A seca igualmente afetou a qualidade do tabaco. Aquele plantado até o final de outubro, situado em regiões mais tardias, explica Werner, foi muito prejudicado pela estiagem e também pelas altas temperaturas, principalmente a partir do meio pé, que é justamente a parcela com mais peso, mais demandado e que melhor remunera. “As regiões com plantio do cedo tiveram uma boa qualidade, pois quase não sofreram com estiagem e temperaturas altas, produzindo tabaco de qualidade, porém também com queda de produtividade”, ressalta.

Próxima safra pode ter recuo

O presidente da Afubra, Benício Albano Werner, considera prematuro projetar qualquer estimativa de área ou de volume para o novo ciclo, 2020/21, cujo plantio já avança em várias regiões, em especial no Vale do Rio Pardo. “Falar sobre estimativa de produção não é tão simples porque ainda não temos informações certas sobre o comportamento do clima, que é o maior influenciador da produtividade, e que por isso afeta também a produção geral”, menciona.

No entanto, lembra que na safra 2019/20 o Sul do Brasil cultivou 290.397 hectares, e que, segundo informações obtidas em 2.735 pesquisas junto aos produtores, a tendência é de redução, em média, de 4,9% de área na nova safra. “Com isso, temos uma perspectiva de plantio de 276.168 hectares”, frisa.

Preço médio é inferior ao aumento da tabela

Diante da combinação de quebra na qualidade do tabaco, por efeitos climáticos, e de volume produzido nos três estados do Sul, o presidente da Afubra, Benício Albano Werner, avalia as médias de preços praticados pelas fumageiras em comparação com o desempenho de 2019. “Como nossas pesquisas encerram-se sempre aos sábados, pelas informações obtidas até 11 de julho, com 2.735 produtores, a média é de R$ 9,48 por quilo na safra 2019/20, no tipo Virgínia”, informa Werner. “No mesmo período da safra passada, com informações de 2.401 produtores, a média era de R$ 9,44”, frisa. “Ou seja, com aumento de 0,42%. Esses números referem-se ao tabaco Virgínia, que representa 90% da produção.”

No tipo Burley, salienta Werner, na safra atual, em pesquisa com 727 produtores, o preço médio levantado é de R$ 8,45 por quilo. No mesmo período da safra 2018/19, em pesquisa com 591 produtores, o valor médio era de R$ 8,61. “Ou seja, houve queda de 1,9%”, assinala.

Segundo o presidente da Afubra, os valores auferidos neste ciclo pelos produtores de Virgínia, com o aumento médio de 0,42%, são bem inferiores ao aumento concedido na tabela de preço. “Isso significa que o produtor, nesta safra, está tendo, em termos comparativos, valores menores do que os da safra passada, por não ter atingido sequer o percentual de aumento da tabela”, comenta. “A situação do produtor do Burley, que tem queda de 1,9% no preço médio nesta safra, comparada com a anterior, é ainda mais grave, pois ele tem prejuízo ainda maior em termos de valores recebidos do que o produtor de Virgínia.”

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