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Mancha de Ramulária exige atenção dos produtores de algodão

Condições climáticas favorecem a ocorrência da doença no Cerrado


Condições climáticas favorecem a ocorrência da doença no Cerrado

Os produtores de algodão do Mato Grosso do Sul estiveram em alerta na safra deste ano, principalmente na Região dos Chapadões. A mancha de ramulária, doença causada pelo fungo Ramularia areola, provocou sérios prejuízos. Além do aumento da área cultivada e condições climáticas favoráveis, o uso de cultivares suscetíveis ao fungo contribuiu para a proliferação desta doença.

De ocorrência mais comum em regiões áridas, alguns fatores contribuíram para essa doença se tornar comum e causar preocupação aos produtores e pesquisadores do Mato Grosso do Sul. Até o início da década de 90, a produção de algodão no Brasil concentrava-se nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Após esse período, houve um aumento significativo das áreas destinadas à produção no Cerrado, basicamente na região Centro-Oeste. Esta região apresenta boas condições climáticas, com altos índices pluviométricos, temperaturas diurnas elevadas e noturnas amenas, entretanto, estes fatores também favorecem a ocorrência de algumas doenças.

De acordo com o pesquisador da Fundação Chapadão, Eng. Agro. Alfredo Riciere Dias, as perdas por essa doença podem variar muito de região para região, e de ano para ano. Trabalhos experimentais realizados pela Fundação Chapadão nos últimos anos destacam uma redução estimada de até 27% na produtividade de algodão. “Para esta safra ainda não conseguimos definir o dano, pois os trabalhos ainda estão em campo e caminhando para a colheita”, observa Dias.

Como identificar

A mancha de ramulária possui características com início da infecção nas folhas do terço inferior, onde são observadas lesões na face inferior da folha, conhecida como véu ou mancha azulada. A evolução dos sintomas caracteriza-se por manchas de aspecto pulverulento, constituídas por esporos do fungo, geralmente angulosas e delimitadas pelas nervuras, de coloração branca ou amarelada. Quando em alta severidade, podem ser observadas na parte superior das folhas. Após a infecção, são observadas manchas arroxeadas ao redor das lesões, provocando amarelecimento, queda das folhas e ocasionando desfolha precoce do baixeiro.

Dias explica que a prevenção contra a ramulária tem inicio já no planejamento do plantio, com a escolha da área a ser cultivada e a realização de rotação de culturas. Destaca ainda a importância de utilizar cultivares que apresentem resistência genética a doença, o pesquisador faz um alerta: “é preciso ainda realizar o monitoramento das áreas para determinar o inicio da doença. Uma vez identificada, é necessário adotar medidas de controle químico logo no início dos sintomas, favorecendo assim uma melhor eficácia dos produtos utilizados”, diz.

A utilização de produtos registrados junto ao MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) é fundamental, assim como a realização de rotação de fungicidas, o que permite um melhor controle, diminuindo a chance do fungo tornar-se resistente ao fungicida. “Com todas essas práticas de manejo, a taxa de progresso da doença no campo será reduzida e assim limitando o dano causado”, frisa Dias.

Segundo Dias, outras doenças também necessitam atenção dos produtores. A Ramulose, que no passado era uma doença muito importante, e que com o melhoramento genético de variedades resistentes reduziu sua incidência, ainda assim merece atenção. O Apodrecimento de Maçãs, que nesta safra foi significativo devido às condições climáticas serem favoráveis a esta doença (excesso de chuvas, elevada umidade relativa do ar, dias nublados), no período de pleno desenvolvimento e maturidade dos frutos, favorecendo a ação dos patógenos, resultando no apodrecimento das maçãs e perdas de produtividade. O Mofo Branco, que está aumentando sua incidência a cada safra nas áreas cultivadas de todo o Brasil. Antes, os principais focos eram relatados nos estados da Bahia e algumas regiões de Goiás, e hoje é possível constatar danos em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Ainda há doenças que ocorrem no início do estabelecimento da cultura e levam à redução da população de plantas, em alguns casos à ressemeadura, como por exemplo a Mela (Rhizoctoniaspp), o Tombamento ou “Damping-off”.

Alfredo Riciere Dias lembra aos produtores que o algodão é uma cultura de grande potencial econômico e produtivo, sem falar na importância para a sociedade. “Diante disso é necessário que as empresas do setor e instituições de pesquisa caminhem de mãos dadas com o produtor, auxiliando no manejo e visando um melhor aproveitamento dos recursos utilizados, resultando ganhos de produtividade ao produtor”, conclui.


Se você está com esse problema na lavoura, deixe seu comentário no final dessa matéria relatando a estratégia utilizada para amenizar o ataque da doença.
 
*Com colaboração de Lucas Amaral

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