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Mandioca é foco de missão do Congo

Cultura da mandioca foi o foco da visita à Embrapa na última semana de delegação da RDC


A cultura da mandioca foi o foco da visita à Embrapa na última semana de delegação da República Democrática do Congo (RDC), composta por integrantes do governo e do agronegócio, além do representante da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Onudi). Nos dias 11 e 12 de abril, o grupo, formado por 15 pessoas, incluindo o ministro provincial da Agricultura, Pesca, Pecuária, Desenvolvimento Rural, Meio Ambiente e Conservação da Natureza do Congo Central, Denis Nsitu Mambuku, assessores, produtores, pesquisadores, deputado, advogado, especialista em mercado e coordenador de projetos, foi recebido na Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA). Eles já haviam passado, no dia 10, pela Embrapa Agroenergia (Brasília, DF).

Articulada pelo Núcleo de Relações Institucionais (NRI) e pelo Setor de Gestão de Transferência de Tecnologia (STT), a visita em Cruz das Almas incluiu, na quinta (11), exposições dos congoleses e da equipe técnica da Unidade. O pesquisador Alfredo Alves, gestor do Núcleo de Relações Internacionais (NRI), mostrou o programa de pesquisa em mandioca e as diversas interações de cooperação técnico-científica estabelecidas entre a Unidade e países africanos. Em um segundo momento, houve apresentações sobre a versatilidade de usos da mandioca, tanto no plano da sua diversificação dentro da visão de transferência de tecnologia para agricultores familiares (pesquisador Joselito Motta) quanto das tecnologias para processamento, objetivando a agregação de valor (pesquisadora Luciana Alves). 

A manhã da sexta-feira (12) foi destinada a excursões técnicas. O grupo percorreu o Mercado Municipal de Cruz das Almas, especialmente o galpão de venda de farinha e derivados de mandioca. Acompanhados por Alfredo e Joselito, eles conheceram muitos dos produtos comercializados pelos agricultores familiares no mercado. “Eles tomaram conhecimento da farinha, que é própria da região, a farinha tipo Copioba, e também os derivados que são feitos a partir da goma ou fécula da mandioca, sob diversas formas, como as tapiocas, os beijus coloridos e alternativas para mesa para se fazer a tapioca recheada com a goma úmida”, contou Joselito.

Em seguida, na unidade de processamento de beijus na localidade do Cadete, zona rural de Cruz das Almas, o objetivo foi mostrar a evolução do pequeno agricultor José Carlos Mendonça, que de forma artesanal produz nove tipos de beijus, com recheios e sabores diferentes. “Ele já construiu com o resultado desse trabalho uma unidade que será inaugurada dentro de poucos dias e que representa um volume de produção três vezes maior do que a unidade que ele conduz neste momento”, salientou Joselito. 

Alain Lungungo, coordenador do Ministério das Finanças da RDC, responsável pelo projeto "Desenvolvimento dos polos de crescimento do setor oeste", financiado pelo Banco Mundial, informou que a primeira parte do projeto se apoia em três cadeias agrícolas: arroz, mandioca e óleo de palma. “Viemos ao Brasil para que possamos nos inteirar das experiências brasileiras, notadamente no que tange à transformação da mandioca. Aqui estamos vendo como acontece o processamento da mandioca para a agricultura familiar e procuramos entender qual é o elo que liga a agricultura familiar à grande indústria. As primeiras impressões que temos até agora é que a República Democrática do Congo pode futuramente fazer trocas muito importantes com o Brasil nesse sentido. Ontem nós pudemos perceber que os institutos de pesquisa da RDC podem extrair uma experiência muito importante na pesquisa do processamento de mandioca no Brasil”, afirmou Lungungo.

Ele acrescentou que a visita à Embrapa Agroenergia também foi muito interessante. “Pudemos ver que, a partir da mandioca, também é possível desenvolver energia. Nos países africanos, nós temos um déficit energético importante, e o objetivo é ver como estabelecer sinergias para que possamos nos beneficiar e também capitalizar a partir da nossa experiência. A Embrapa teria um papel importantíssimo nessa parceria.”

O representante da Onudi, Philippe Francillon, disse que a organização é uma conselheira técnica do programa. “Organizamos uma visita das autoridades congolesas e também de representantes da administração e do setor privado para ver como o Brasil administra a transformação e produção da mandioca. A Embrapa é um lugar essencial para ser visitado nesse âmbito, porque, ao mesmo tempo em que trabalha com a pesquisa das variedades, também estuda a parte de processamento. No Congo, o processamento é muito limitado, ou seja, existe uma massa fermentada de um lado e a farinha do outro. Aqui há muito mais perspectivas em termos de processamento, e é isso que eles querem mostrar para o país”, avaliou Francillon.

Joselito disse que, para o grupo, a visita foi bastante rica. “Eles viram que muitos desses conhecimentos podem ter aplicação imediata em seu país de origem.”

O objetivo da RDC

O governo da RDC está focado em aumentar a produtividade e a empregabilidade nas cadeias de valor de determinados setores em regiões geográficas específicas. A Onudi, instituição especializada da Organização das Nações Unidas (ONU) com foco na redução da pobreza pela via do desenvolvimento industrial durável, vem prestando assistência para o estabelecimento de processo de implantação de plataformas de agronegócio, o que inclui essa viagem de estudos ao Brasil. Segundo Eleonora Amaral, responsável pela organização das visitas, que incluem ainda São Paulo, Brasília, Mato Grosso e Pará, a ideia do projeto é “auxiliar na capacitação da população rural que está recém-saída de uma época de conflito”. 

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