Manejo adequado de leitões recém-nascidos reduz mortes e influencia o ganho de peso
As técnicas utilizadas nos primeiros dias de vida são essenciais para garantir não só a desmama do animal, mas também o seu desenvolvimento até a fase de abate
O manejo adequado na fase recém-nascida dos leitões é o que determina a redução da mortandade nos primeiros dias e ainda influencia no ganho de peso futuro até a fase de abate. Em dinâmica apresentada na quinta-feira, 14, na TECNOSHOW COMIGO, em Rio Verde (GO), o médico veterinário e especialista em produção de suínos, José Vanderlei Burim Galdeano, deu dicas ao público presente de técnicas e ações que devem ser feitas ainda na maternidade de uma granja de suínos para estabilizar a saúde e garantir o desenvolvimento do filhote.
A atenção tem de ser contínua nos primeiros 21 dias, até o leitão ser desmamado. Basicamente, o objetivo do manejo inicial é fazer com que a mortalidade fique superior a 5%, adaptar o sistema digestivo do animal para que ele consiga comer ração em até sete dias e atingir um peso superior a 6,5 quilos. A maternidade e os locais de alojamento devem seguir praticamente as mesmas regras de uma maternidade de hospital para crianças recém-nascidas. Ela deve estar devidamente preparada para receber um leitão, com limpeza adequada, desinfetada, seguindo regras de temperatura e atendendo as necessidades tanto da mãe como do leitão.
No manejo inicial, também chamado de toalete, acontece toda a etapa de higienização. Assim que o animal nasce, a orientação é untá-lo como pó secante. “O pó mantém o animal aquecido e evita o choque térmico”, explica José Vanderlei. Além disso, é bom salientar que o leitão nasce com uma reserva de energia muito fraca, que, normalmente, dura de 10 a 12 horas, somente. Esse aquecimento inicial é importante para que ele não precise gastar energia tentando se auto aquecer. A temperatura de conforto de um leitão recém-nascido varia entre 32°C e 34°C.
O passo seguinte é pegar o animal pelas pernas traseiras, colocando-se de cabeça para baixo e passar a mão em movimentos contínuos no corpo do animal, especialmente na barriga, para expirar possíveis líquidos eliminados. E, para terminar essa fase, é feito o corte e desinfecção do umbigo do leitão. Todos esses procedimentos devem ser seguidos à risca. Eles são de extrema importância e surtem efeito no desenvolvimento do animal. “Estudos já comprovaram que, para cada 1 quilo que conseguimos adicionar ao peso do leitão durante a fase de desmame, por consequência aumenta-se em 1,9 quilo o peso dele na saída de creche, aos 56 dias de vida, e 4,2 quilos na fase de abate”, expôs o veterinário.
Mamada
Não à toa, a fase seguinte à higienização é executada com atenção, que é a chamada orientação de mamada. Levando em consideração uma realidade em que nascem de 12 a 14 leitões por parto, José Vanderlei sugere que seja adotada a técnica da mamada parcelada para assegurar que todos os animais tenham a chance de se alimentar adequadamente dentro das primeiras seis horas de vida. À medida que os leitões vão nascendo, o indicado é ir colocando-os para mamar para evitar o desconforto, falta de espaço e até o esmagamento, caso coloquem todos ao mesmo tempo. Cerca de 70% das mortes de leitões ocorrem por esmagamento (a própria mãe deita-se sobre eles) e 70% destas mortes acontecem nos três primeiros dias de vida.
O ideal é colocar a primeira metade para mamar e, quando começar a nascer a segunda metade, pegar os seis ou sete primeiros que já mamaram e colocar num espaço separado até os demais terem a chance de se alimentar também. Feito isso, segundo Vanderlei, a técnica deve ser prosseguida trocando os animais de meia em meia hora. Eles precisam mamar o colosso da mãe para aproveitar os nutrientes, já que nascem com pouca energia. Uma solução complementar para influenciar o desenvolvimento dos animais é fazer a suplementação energética, com a utilização de produtos comerciais, facilmente encontrados nas lojas de medicamentos para animais.
Nos primeiros dias, outro aspecto importante de ser observado é se a produção láctea da mãe está sendo suficiente e, ao mesmo tempo, se as glândulas mamárias estão saudáveis, sem infecções. A observação é praticamente visual. “Se você chegar e vir que todos os leitões estão mamando e, logo em seguida, dormindo, é porque está tudo certo, tudo normal. O contrário disso é quando os leitões não param de incomodar a porca para mamar mais ou ela está deitada em cima das tetas, escondendo-as, o que não é normal”, exemplificou o palestrante. As causas da falta de leite são, basicamente, mastite (inflamação das glândulas), metrite (inflamação do endométrio) e disgalaxia (pouca ou nenhuma produção de leite).
Cortes
O corte da cauda também é aconselhável ser feito nos primeiros dias para evitar, entre outras coisas, um possível canibalismo, já que o movimento dela pode atrair a mordida de outro leitão recém-nascido e, em caso de ferimento, uma possível inflamação. Outra indicação é ficar atento aos dentes dos animais. Todos os leitões nascem com pelo menos oito dentes. O indicado é que seja feito o corte dele na altura do esmalte para prevenir lesões nas tetas da mãe e acidentes em caso de briga e disputa com outros leitões.