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Manejo específico pode aumentar a produtividade da soja em MT

Segundo pesquisador da Fundação MT, os hectares com soja são muito heterogêneos e requerem cuidados diferentes


Conscientizar o produtor de que solos com aptidões diferentes precisam de manejos distintos é um dos desafios para alavancar ainda mais a produtividade média de Mato Grosso - que foi de 55,42 sacas/ha em 2016/2017 -, afirma Leandro Zancanaro, gerente de pesquisa da Fundação MT. Segundo ele, não é possível apenas copiar o manejo feito em solos argilosos nos mais arenosos, por exemplo. “Temos uma proporção grande de solos arenosos ou com pouco acima de 15% de argila, cerca de 2 milhões de hectares com soja, na minha opinião, e eles abaixam a média, porque vão estar mais vulneráveis a qualquer semana com chuva. Se nós continuarmos fazendo em solos mais frágeis o mesmo manejo que fazemos nos argilosos, vamos ter dificuldades”.

Porém, para realizar esse manejo diferenciado, o produtor pode precisar fazer mudanças no seu sistema de produção, diz o pesquisador. “O pensamento imediato está fazendo ele seguir sempre no mesmo batidão, mas às vezes, se ele abrir mão um ano de cultivar soja e colocar pecuária no lugar e voltar com a oleaginosa no outro ano, ele vai dar um passo para trás, mas dois para a frente. Já sabemos que se não mudarmos certas estratégias, nós vamos para o buraco”.

Soja e milho - Zancanaro afirma que a sucessão constante de soja e milho ainda não está apresentando problemas para o rendimento final da produção de grãos no Estado. “Não é o ideal, seria melhor uma alternância, mas ainda bem que aconteceu esse sistema, porque o milho deixa boa quantidade de raiz e palha. Se tirá-lo da jogada, vou conseguir colocar braquiária ou milheto em tudo?”, explica. Ele ainda ressalta que o fato de o milho ser uma cultura comercial traz mais um benefício, que é de fazer a implantação da lavoura de segunda safra de forma mecanizada, no sulco. “Quando se faz cultura sem receita comercial, usa-se muito a grade e, se passar muitas vezes, ela degrada o solo. O milho permitiu diminuir a frequência de revolvimento. E isso permitiu menor degradação do material orgânico acumulado”. 

De acordo com ele, o produtor deveria pensar em alternativas, como a integração lavoura-pecuária (ILP).  “Mas existem sistemas, claro, que exigem grau de preparação maior de toda a equipe. ILP, por exemplo, muda o dia a dia da fazenda. Exige um querer e conhecimento”. Ele reforça, porém, que o Estado já evoluiu muito nesse quesito. “Produtores e profissionais da área técnica já se convenceram, porque viram resultados das pesquisa, perceberam na própria lavoura ou porque a corda já apertou muito”.

Safra 2017/2018 - Para ele, daqui para a frente, a produtividade média do Estado deve girar em torno das 55 sacas/ha. “De 1999 a 2015/2016, variamos de 50 a 53 sacas/ha. A minha opinião é de que vamos continuar mais próximos das 55 sc/ha do que dos 60 sc/ha por enquanto”. Em 2017/2018, ele espera uma safra boa em Mato Grosso, mas não no nível da anterior. De acordo com ele, visualmente as lavouras estão boas, mas os nematoides estão mais presentes do que em outros anos e uma parte do Estado ainda pode sofrer com a ferrugem asiática. Além disso, regiões de Mato Grosso com solos arenosos e que enfrentaram dias mais secos e de sol em janeiro podem ter perdas de produtividade.

Fundação MT em Campo - Em 2018, a Fundação comemora 25 anos de existência e, para marcar a data, o slogan será mudado para ‘Dando vida aos resultados’, explica Francisco Soares Neto, diretor presidente da instituição. A frase está aliada ao objetivo de difundir ainda mais as informações geradas pelos pesquisadores da entidade. “Não adianta termos boas pesquisas se não conseguirmos divulgar isso para o produtor”, afirma Neto. 

Este ano, além de continuar as pesquisas agronômicas em diversas frentes - de adubação ao controle de pragas e doenças -, a Fundação também pretende investir na difusão de informação para estudantes de diversas idades. Para os de escolas técnicas e faculdades, por exemplo, o objetivo será oferecer uma experiência mais prática que o visto nos cursos tradicionais e mostrar também o mercado de trabalho que a agricultura oferece. No futuro, segundo Zancanaro, a ideia é que a Fundação também ofereça alguns cursos mais técnicos, que ensinem determinadas práticas que nem sempre são aprendidas nas escolas agrícolas como, por exemplo, realizar coleta para nematoides. 

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