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Mangalarga terá de mostrar que é funcional


Eles marcham elegantemente e são lindos. E, a partir do final deste mês, terão que provar também que são “bons de montada”. Com o término do ano equestre, todos os campeonatos - como os que movimentam a 28ª Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador, que acontece até dia 25, no Parque da Gameleira - incluirão entre as provas o teste de funcionalidade. Atualmente, ele é opcional e não soma pontos na decisão final do júri, mas já leva muito animal para a pista.

Segundo o diretor de eventos e idealizador da prova, Guto Karam, a participação voluntária cresce a cada ano. E, com a entrada em vigor da obrigatoriedade, deve ser ainda maior nesta edição. “Em 2008, 180 conjuntos (cavalos e cavaleiros), num universo de 500, aderiram ao concurso, atingindo uma participação de 30%. Para esta edição, podemos esperar mais”, acredita.

Para Karam, a inclusão da nova exigência irá contribuir para a valorização da raça e dos animais. “Além do concurso de marcha e da formologia, está em jogo a funcionalidade. E isso poderá alterar as posições no ranking”, explica ele, garantindo que a mudança não trará custos extras para criadores.

Ainda de acordo com o diretor de eventos, a decisão foi tomada já há alguns anos, em acordo com a diretoria de esporte e seu representante Antônio Glênio Albuquerque. “Houve tempo para adequação, embora não haja nada de tão diferente. O peão já está acostumado a desenvolver obstáculos, que podem ser feitos com bambus na s próprias fazendas”, detalha.

Nelson Feital, dono do Baião das Minas Gerais, animal super campeão no ano passado, aposta que a alteração veio para acrescentar. “Com a prova de funcionalidade, o animal será realmente completo”, diz ele, que optou por não levar seu “troféu” para o evento. “O Baião tem quase sete anos, mas o auge de um animal, principalmente macho, acontece entre nove e 10 anos, quando os filhos também conquistam campeonatos. Portanto, ele voltará ainda mais forte no ano que vem”, conta.

Segundo Feital, o preço de mercado do vencedor da 28ª edição varia, hoje, entre R$ 500 mil e R$ 600 mil. Mas ele nem pensa em se desfazer do seu tesouro. “Posso até pensar em vender a metade. Mas tudo, não vendo de jeito nenhum”, enfatizou, enquanto observava a montagem da pista que sediaria o “Marchador Ideal”. As provas começam hoje, e as inscrições ainda são aceitas.

Também no dia de ontem foram eleitas as éguas jovens campeãs nacionais. Ao todo, foram 18 participantes, mas brilharam as estrelas de Quebra-Nozes Agisa, do Paraná, e de Janaína SJT, carioca de 44 meses e seis dias. As duas ganharam nos quesitos andamento e morfologia, respectivamente.

Desta vez, Nelson Feital e sua representante Esgrima das Minas Gerais não levaram prêmio. Mas, com 14 animais na exposição, ele ainda acredita no “reconhecimento”. “Na edição passada, trouxe nove animais. O que mostra que este setor não sentiu a tão falada crise financeira mundial”, argumentou.

A turbulência econômica também passou longe do setor, segundo Guto Karam. “Nos leilões, certamente, teremos animais sendo negociados por até R$ 500 mil, R$ 700 mil. Sem falar que esse é um negócio de médio, longo prazo. Para se ter uma ideia, a gestação de uma égua leva 11 meses e ainda são precisos mais três anos para montar”, justificou.

A expectativa dos organizadores do evento, promovido pela Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Mangalarga Machador (ABCCMM), é ter um número recorde de inscrições, com 600 expositores de todo o Brasil e mais de 1.400 participantes de julgamentos em pista, provas funcionais, leilões e shopping de animais.

O público estimado é de 150 mil pessoas para os 10 dias do evento, com um montante negociado entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões.

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