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Maranhão retoma criação de camarão em cativeiro

Após 4 anos sem produção, a criação de 13 fazendas abastecerá o mercado europeu



Após 4 anos sem produção, a criação de 13 fazendas abastecerá o mercado europeu. Depois de quatro anos de interrupção, o Maranhão retoma a atividade de carcinicultura. No momento, dois dos 13 projetos de fazendas de criação de camarão em cativeiro licenciados pela Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão (Sema) estão em fase de implantação no município de Bacabeira, a 66 quilômetros de São Luís.

Os investimentos totais somam R$ 4,2 milhões, financiados pelo Banco do Nordeste (BNB), com 30% de capital próprio. A produção prevista é de 300 toneladas a cada três meses, com a primeira despesca a partir de janeiro de 2007. O camarão será destinado ao mercado europeu.

Um dos projetos é o da Fazenda Dantas Camarões do Nordeste Ltda, do empresário Francisco Dantas de Araújo Filho, localizada em Bacabeira, a 66 quilômetros de São Luís. O programa está orçado em R$ 2,1 milhões, dos quais R$ 1,6 milhão são financiados pelo BNB. A fazenda tem 48 hectares, sendo destinada 38 hectares para lâmina d’água (área de produção).

Como a fazenda está em terras baixas, que não são banhadas pela água salgada, o projeto inclui a construção de um canal de 400 metros de extensão para permitir a entrada da água do mar. O produto será vendido para a Europa, por meio de uma parceria com a Cooperativa dos Criadores de Camarão do Rio Grande do Norte, até que o estado alcance volume de produção maior. De acordo com as metas da fazenda, em 2007 vão ser implantados mais 50 hectares de lâmina d’água e, em cinco anos, alcançar 300 hectares.

"Acredito que em dois anos já teremos condições de exportar pelo Maranhão", aposta Dantas, que tem ainda investimentos nas áreas de caprinocultura, ovinocultura e piscicultura. O empresário, no entanto, revela ser a carcini-cultura a grande meta dos seus negócios. "Pelo potencial do Maranhão. As condições naturais para a carcinicultura são as melhores do País", diz o empresário ao justificar o interesse na atividade.

Há cinco anos desenvolvendo a carcinicultura no Rio Grande do Norte, o empresário Arthur Jucá Moreira resolveu apostar também no Maranhão. O projeto dele é idêntico ao de Dantas, em termos de valor, metas de produção e município. São seis viveiros de seis hectares, cada, que começam a ser implantados a partir de setembro.

As terras de Moreira estão ao lado da fazenda de Dantas e os dois estão fazendo investimentos conjuntos em infra-estrutura como energia e construção do canal. As condições naturais do Maranhão foram os principais fatores que incentivaram o empresário a investir no Estado. "A topografia do Estado é muito boa, são áreas planas, sem muitos desníveis e a qualidade da água também", observa.

A matéria orgânica da água é alimento do camarão e exerce grande influência para o seu crescimento, o que significa maior produtividade. "Esperamos que aqui, o camarão tenha um crescimento maior", diz Moreira. Os especialistas afirmam que a oferta de alimentos naturais nas águas maranhenses é cinco vezes maior do que nos outros Estados. Eles foram apresentados em maio do ano passado, antes de o banco suspender o financiamento para o setor, já com a licença ambiental, concedida pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente.

A área disponível no Maranhão para criatórios é de 150 mil hectares, ou seja, ainda há muito para crescer. Apesar do potencial, a carcinicultura ainda é uma atividade nova no Maranhão em relação ao contrário do que ocorre em outros estados nordestinos.

Para o presidente da Associação de Carcinicultores do Maranhão, Raimundo Nonato Carneiro, o setor passa atualmente por uma fase de reestruturando. Até o próximo mês, a entidade planeja fazer um levantamento da estrutura total a ser implantada no Estado para uma melhor avaliação. "A carcinicultura no Maranhão ainda é muito insipiente. Ela está sendo retomando", explica Carneiro.

Há quatro anos, chegou a existir oito fazendas de criação de camarão em cativeiro no Estado. Funcionavam sem licença e por isso foram desativados, segundo Carneiro. Outro fator que pesou também foi a falta de tecnologias apropriadas.

As primeiras licenças ambientais para a carcinicultura no Estado foram concedidas recentemente, só depois de concluído o estudo do zoneamento costeiro pelo governo estadual, a partir de 2003. O zoneamento indica as áreas propícias à carcinicultura no Estado. Atualmente, existem 26 projetos com Licença Prévia, 13 com Licença de Instalação, cinco com Licença de Operação e dois deram entrada com termo de referência para análise na Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema). Como a atividade está sendo retomada, mesmo com a licença ambiental, alguns investidores estão aguardando a viabilidade dos projetos em andamento.

"Embora a atividade seja insipiente, o Maranhão é o Estado que está melhor estrutura para receber fazendas de criação de camarão", afirma Carneiro, ressaltando os três fatores que permitem o desenvolvimento da atividade. O primeiro é o zoneamento costeiro, o licenciamento ambiental e o potencial natural.

"O Maranhão tratou com mais rigor os licenciamentos ambientais. Por outro lado, os empresários não puderam ser atendidos porque o banco se fechou ao financiamento da atividade na região", avalia o gerente da Central de Análise de Projetos do BNB no Maranhão, Zerbini Guerra de Medeiros. O BNB retomou este mês os financiamentos para a carcinicultura, suspensos desde junho do ano passado.

Com 640 quilômetros de costa, a segunda maior do Brasil, o Maranhão é um dos principais produtores de pescado marinho da região, contribuindo com aproximadamente 30% da produção regional (algo em torno de 50 mil a 70 mil toneladas). Possui plataforma continental larga e rasa, excelentes áreas estuarinas, extensa faixa de manguezais e grande aporte de nutrientes dos rios para o mar. O Brasil detém 5% da produção mundial de camarão, com 16 mil hectares de viveiros.

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