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Mato Grosso alcança a 3ª safra

Com método ILP a produção se tornou mais intensa e lucrativa


Há aproximadamente 15 anos os produtores rurais se dedicavam apenas ao cultivo de soja. Após a colheita, a terra ficava vazia até que o período de plantar chegasse novamente. Com o desenvolvimento de pesquisas que mostraram a possibilidade de produzir mais no mesmo espaço e inserir novas culturas, a produção se tornou mais intensa e lucrativa. Agora, é possível plantar dois tipos de grãos e ainda alimentar o gado numa mesma terra. Isso com o método de integração lavoura-pecuária desenvolvido na Fundação Rio Verde com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT).

De acordo com o agrônomo da Fundação Rio Verde, Fábio Pittelkow, mestre em fertilidade e nutrição de plantas, o método consiste em cultivar a safra principal (normalmente soja) e depois plantar uma segunda cultura (no caso da pesquisa foi escolhido o milho) aliando a esse vegetal um tipo de pasto, que servirá para alimentar o gado após a segunda safra. Ou seja, lavouras convencionais a área não ficará ocupada, na integração lavoura-pecuária o terreno estará rendendo com uma terceira atividade, que é a criação de gado.

O pesquisador explicou que a qualidade do solo pode receber ganhos com o método porque as forrageiras consorciadas ao cultivo e até o gado podem ter propriedades importantes para a nutrição do solo. De acordo com Fábio, a braquiária - espécie vegetal da pastagem amplamente utilizada na integração lavoura-pecuária - tem um sistema de raiz agressivo que pode contribuir com o plantio de soja. Quando a braquiária se decompõe cria poros no solo, o que facilita o aprofundamento da raiz da soja e a entrada de nutrientes na terra.

Para o agrônomo, a integração lavoura pecuária traz ganhos ambientais por conta do resíduo da pastagem que estará no solo para o novo plantio da safra principal. Segundo ele, quando o gado entra na terra após a segunda safra, se alimenta e deixa vestígios da palha. Esse componente será então dessecado com herbicida e permanecerá no solo, evitando erosão e perda de nutrientes. “Ela não deixa o solo descoberto. Ela protege”, disse Fábio. Ele explicou, inclusive, que a palha evita que a radiação solar mate agentes benéficos da terra.

Aos proprietários, Fábio explica que é mais difícil trabalhar com a integração, porém bastante rentável. Ele afirmou também que existem espécies vegetais facilmente consorciáveis, além de herbicidas que facilitam o manejo, o que torna viável o método. Segundo o pesquisador, a maior dificuldade do produtor que busca implantar a integração lavoura pecuária corre no primeiro ano, quando será necessário investir na infraestrutura da propriedade, com cerca e curral para manejo do gado, por exemplo, o que lhe trará um gasto maior.

Fábio Pittelkow acredita muito no desenvolvimento da integração lavoura-pecuária, mas enfatizou que ainda é necessário que sejam realizados mais estudos. Em fevereiro, os experimentos vão continuar na Fundação Rio Verde, para verificar que outras plantas podem ser consorciadas com braquiária ou outro tipo de gramínea. “Dentro dessa área a gente tem várias possibilidades de pesquisa”, concluiu. (Fonte: FapematCiência)

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