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Mato Grosso continua sem chuva para iniciar plantio

Precipitações da última terça-feira foram localizadas e sem intensidade


Precipitações da última terça-feira foram localizadas e sem intensidade 

A chuva que caiu na última terça-feira à noite sobre a região da Grande Cuiabá, rápida e de pequenas proporções, não chegou às regiões produtoras do Estado, que continuam em compasso de espera para iniciar o plantio de soja. Até agora, segundo informações de entidades produtoras, choveu muito pouco e em apenas algumas regiões, não o suficiente para permitir o início da semeadura.

“Foram chuvas localizadas, de pequeníssima intensidade, que só serviram para ‘apagar’ a poeira”, disse o diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), Carlos Fávaro. Segundo ele, esta é a pior seca dos últimos dez anos, em Mato Grosso, devendo provocar o atraso no plantio. Pelo menos 90% das regiões que concentram lavouras de soja não recebem a chuva desde o dia 4 de abril.

“Sem chuva e com o solo quente, não se pode plantar. Quem se aventurar neste momento corre o risco de perder toda a semente”, alerta Fávaro. Ele diz que a falta de chuvas encurtará as janelas de plantio no Estado, obrigando o produtor a fazer um novo planejamento de safra. Há possibilidade de a soja precoce não ser plantada, para dar lugar à soja de ciclo normal e à safrinha de milho, ou simplesmente para permitir o plantio da safra de algodão, a partir do final do ano. Outro impacto será a redução da área plantada do milho safrinha, que é cultivado, em parte, sobre as áreas da oleaginosa.

A previsão climática indica que nos meses de outubro e novembro deste ano o volume pluviométrico será abaixo da média registrada no ano passado, retardando o início do plantio.

De acordo com o Sindicato Rural de Sorriso (420 quilômetros ao norte de Cuiabá), o problema é que o atraso no plantio poderá provocar uma redução nas áreas aptas para plantar o milho safrinha, bem como comprometer o plantio do algodão.

Sorriso tem a maior área cultivada de soja no país e é um dos primeiros a iniciar o plantio no Estado. No ciclo 09/10, foram semeados 600 mil hectares e a produção chegou a 2 milhões de toneladas. O milho é plantado somente na segunda safra e ocupou uma extensão de 240 mil hectares na última temporada. A janela de plantio do cereal vai da primeira quinzena de janeiro até 20 de fevereiro.

PREVISÕES - Os serviços meteorológicos confirmam que o fenômeno La Niña deve afetar todas as áreas produtoras do país no ciclo 10/11. A Somar Meteorologia indica que a combinação do inverno muito seco com a ocorrência do La Niña deve provocar o atraso no retorno das chuvas da primavera. "As chuvas para o Sudeste e o Centro-Oeste devem voltar gradualmente no decorrer de outubro. As condições de plantio para a lavoura de soja dessas regiões, no entanto, só devem ocorrer, mesmo assim de forma parcial, a partir da segunda quinzena de outubro e regularização em novembro", afirmou o diretor da Somar, Paulo Etchichury.

O meteorologista Alexandre Nascimento, da Climatempo, considera que "toda a área produtora terá algum tipo de comprometimento". Ele explica que o tempo está muito seco e, daqui pra frente, essa deficiência deve piorar e será preciso um bom volume de chuvas para recompor a umidade para níveis considerados ideais. “É exatamente o contrário do ano passado, que foi um ano muito úmido, inclusive no inverno. A dica agora é esperar pela chuva até onde isso seja possível", recomendou. Mesmo após a chegada das chuvas, a expectativa é que elas sejam mal distribuídas, como geralmente ocorre em anos de La Nina, prejudicando o desenvolvimento das lavouras depois do plantio.

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