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Mato Grosso do Sul quer viabilizar saída para o Pacífico


O governo do Mato Grosso do Sul está movendo peças para viabilizar uma saída para o Pacífico pelo Estado. Em encontro realizado ontem na capital do Estado, Campo Grande, o governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, assinou junto com o governo federal e políticos do Chile, Bolívia e Argentina uma carta de intenções para a recuperação da rede ferroviária que liga o porto de Santos ao de Antofagasta, no Chile.

A ferrovia percorre 4,2 mil quilômetros e está quase pronta, embora nos trechos brasileiros e argentinos esteja em condições precárias. O trecho boliviano é o que apresenta melhores condições. O encontro deu início a trabalhos que buscarão a arquitetura financeira para os investimentos. Segundo cálculos do Ministério dos Transportes, através da Valec (estatal de engenharia ferroviária), serão necessários, numa primeira etapa US$ 35 milhões de dólares para possibilitar o trânsito com segurança na ferrovia.

O trecho brasileiro que demandará maiores recursos será o de Bauru (SP) a Corumbá (MS) passando por Campo Grande. O percurso de Santos a Bauru já está transitável. O investimento será financiado pela iniciativa privada. A concessionária da Novaoeste, a Brasil Ferrovias, está se aliando a grandes grupos como Cargill, Vale do Rio Doce, Rio Tinto e Odebrecht para garantir o investimento.

O grande interesse das empresas é uma porta de entrada no mercado asiático. A possibilidade é de se exportar minérios, soja e carnes com um custo de frete bem mais baixo do que o atual. De acordo com levantamento encomendado pelo governo do MS à BM & F, cerca e 7 mil quilômetros seriam "economizados".

O problema do investimento é que apenas a recuperação primária da ferrovia não a tornaria operacionalmente vantajosa. Os trens trafegariam a uma velocidade média de 20km e a tonelagem suportada nas ferrovias bolivianas e argentinas é de apenas 16 toneladas brutas por eixo, enquanto no Brasil é de 20 toneladas brutas. De toda forma, Zeca do PT, afirmou em conversa com a imprensa que em outubro espera ter trens transitando com carga.

O diretor da Valec, Bernardo Figueiredo, explica que para aumentar a capacidade da Ferrovia seriam necessários mais US$ 40 milhões. Isso elevaria a tonelagem a 18 toneladas brutas por eixo e a velocidade média para 30km. Se considerados o número de vagões e locomotivas que terão de entrar no sistema, o custo total da obra será de US$ 120 milhões.

O ministro dos Transportes, Anderson Adauto, esteve no encerramento do encontro em Campo Grande, e evidenciou que a proposta do governador do MS está com prestígio dentro do governo federal. Segundo ele, na próxima semana, o presidente Lula anunciará que a ferrovia bioceânica (nome oficial do projeto) será prioridade em 2004. " O governo está apaixonado pela idéia, ainda mais porque é algo que já existe", disse Adauto.

O presidente do conselho administrativo da Brasil Ferrovias, Guilherme Lacerda, ressalva que os investimentos só serão possíveis com apoio do BNDES. A Novaoeste acumula uma dívida de R$ 150 milhões, e não está capitalizada para investir. Adauto revelou que o governo já tem "na ponta do lápis" a conta que permitirá a remuneração dos investidores privados.

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