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Mato Grosso volta a puxar demanda por fertilizantes

O Mato Grosso é o maior Estado consumidor de fertilizantes do Brasil


Um forte movimento de antecipação de compras já visando a produção de grãos de verão da safra 2007/08 devolveu ao Mato Grosso, no primeiro semestre, o posto de maior Estado consumidor de fertilizantes do Brasil.

Segundo levantamento final da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), as entregas das misturadoras de fertilizantes às suas revendas mato-grossenses alcançaram 1,876 milhão de toneladas de janeiro a junho, 240% mais que em igual intervalo de 2006.

Eduardo Daher, diretor-executivo da Anda, lembra que, em parte, o forte aumento reflete o desânimo que vigorava no primeiro semestre do ano passado, quando insumos em alta e dólar e cotações da soja em baixa compunham um cenário adverso. Como o grão representa 70% da produção agrícola do Mato Grosso, a conjuntura se refletiu na redução da área plantada estadual na última temporada.

Independentemente da base de comparação, o volume já vendido no Estado neste ano e expressivo e suscita duas leituras: em primeiro lugar, é possível dizer que os agricultores que sentiram menos os efeitos da crise de renda de 2006 e estão capitalizados aproveitaram para comprar fertilizantes mais cedo para se defender da contínua valorização do insumo; o segundo ponto é que o apetite sustenta as previsões de avanço do plantio de soja no Mato Grosso em 2007/08.

Com a recuperação, a demanda mato-grossense voltou a deixar para trás o consumo em São Paulo e no Paraná, seus "concorrentes" diretos na disputa pela liderança do ranking nacional. Impulsionadas pelas vendas para a safrinha de milho, as entregas das misturadoras a suas revendas paranaenses alcançou 1,577 milhão de toneladas de janeiro a junho, 80% acima do volume apurado pela Anda em igual intervalo de 2006.

No caso de São Paulo, maior produtor de cana-de-açúcar do país - mas também marcante em laranja, café e celulose -, a demanda por fertilizantes atingiu 1,573 milhão de toneladas, 22% mais que no primeiro semestre do ano passado. "São Paulo perdeu a liderança, mas segue linear", disse Daher.

No total nacional, as entregas de adubos bateram recorde no primeiro semestre e caminham para novas máximas também no acumulado deste ano. Até junho, conforme a Anda, foram 9,4 milhões de toneladas, 62% acima do patamar do primeiro semestre de 2006. A produção brasileira cresceu 12,2% na mesma comparação, para 4,5 milhões, e as importações explodiram - chegaram a 7,6 milhões de toneladas, um salto de 88,5%. Já os estoques de produtos com as indústrias recuaram 4%.

Ainda que Daher não acredite na manutenção desse ritmo acelerado de vendas no que resta do ano, as vendas têm fôlego para atingir 23,5 milhões de toneladas em 2007, acima do recorde de 2004 (22,8 milhões de toneladas). "Será um ano de recuperação de margens da indústria".

Daher calcula que, em média, os preços dos adubos subiram 35% no primeiro semestre deste ano, mas ressalva que a alta acompanha a tendência internacional - as importações respondem pela maior parte do consumo - e que, no período, o dólar "derreteu". Ainda que exista espaço para novas valorizações, Daher acredita que o fim da safra americana pode aliviar um pouco a pressão sobre os preços.

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