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MDA vai impulsionar crédito familiar e solidário a partir de 2012

Proposta é articular a política agrícola com as cooperativas


Na segunda semana de janeiro, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) vai pôr em prática uma agenda operacional com o cooperativismo brasileiro. Uma reunião agendada para o dia 17 com representantes do ministério e do setor do cooperativismo de crédito familiar e solidário vai impulsionar temas como sustentabilidade, Rede Brasil Rural, assistência técnica e extensão rural e expansão do cooperativismo no campo.


A data agendada é resultado de uma reunião ocorrida na quarta-feira (21) com a presença do ministro Afonso Florence, dos secretários do ministério e de representantes da Associação Nacional de Cooperativas de Crédito Solidário (Ancosol) e da Confederação Nacional de Cooperativas de Crédito Solidário (Confesol).

Durante a reunião, Florence anunciou que um acordo entre o MDA e o ministério das Comunicações irá levar Internet de banda larga e frequência de rádio comunitária para agricultores familiares em 2012. “Com a rádio comunitária, vamos atender a movimentos e a entidades, as quais eu chamo de organização econômica da agricultura familiar: cooperativas de todos os ramos do cooperativismo”, disse o ministro.

O secretário de Agricultura Familiar do MDA, Laudemir André Müller, explicou que na reunião de janeiro o grupo vai discutir os detalhes de como será feita a comercialização, qual será a estratégia de crédito e como o tema da sustentabilidade será materializado. “Será uma uma reunião operacional para começar a discutir os instrumentos e como serão implantadas todas essas ações a partir do próximo Plano Safra, intitulado Plano Safra da Sustentabilidade, previsto para ser lançado em maio”, apontou o secretário de Agricultura Familiar.

Segundo ele, o cooperativismo tem uma importância estratégica para a agricultura familiar porque é ele que leva a política pública até a agricultura familiar e, “mais do que isso, como, por exemplo, é o caso das cooperativas de crédito, de assistência técnica, mas o fundamental para nós é que as cooperativas são instrumento primordial por meio do qual organizamos a nossa estratégia econômica da agricultura familiar”, explicou.

O MDA, segundo o secretário de Desenvolvimento Territorial, Jerônimo Rodrigues, reconhece que a agricultura familiar tem se fortalecido com a produção de alimentos hoje no Brasil, “mas o nosso objetivo é que ela, além de produzir, comercialize sua produção, acesse os mercados institucional e privado e, com isso, gere renda. E a forma de fazer isso é por meio das cooperativas”, disse.

A proposta do ministério é articular a política agrícola com as cooperativas. “No setor de crédito, por exemplo, temos a atuação muito forte das cooperativas de crédito”, disse Müller. Para ele, outro exemplo de atuação das cooperativas é na área da sustentabilidade, a qual ele afirma ser um grande desafio para o próximo ano do MDA.

“Muitas cooperativas têm experiências de produção de orgânico, de sustentabilidade”, observa. Outro desafio da equipe do ministério para o próximo ano é continuar a construção da organização econômica da agricultura familiar por meio das cooperativas que comercializam, porque, segundo Müller, “são elas que vão ter de atender de forma especial os R$ 4 bilhões que teremos no ano que vem de mercado institucional”, disse.

Ele explicou que, para a agricultura familiar atender a esse mercado e poder acessá-lo de forma organizada e estruturada, terá de se servir das cooperativas. “Estamos atuando em todas as pontas com o cooperativismo seja no crédito, seja na sustentabilidade e, especialmente, na organização econômica, fazendo a comercialização da agricultura familiar: esse é o nosso foco, nossa expectativa e a nossa convicção de que vamos melhorar a organização econômica e a renda na agricultura familiar por meio do cooperativismo porque é aí que ela vai vender a produção, vai gerar renda e vai melhorar de vida”, afirmou.

Os representantes da Ancosol e da Confesol querem discutir também a expansão do setor no âmbito de várias políticas públicas, sobretudo, a habitacional rural. Eles reafirmaram, durante a reunião, o reconhecimento de que o Plano Safra da Agricultura Familiar, implantado no País em 2003, “foi uma conquista estratégica pra a consolidação das políticas deste segmento e tem sido inovado e ampliado gradativamente.


O presidente da Ancosol, Valdemar Oliveira, disse que as principais preocupações do grupo estão centradas em duas políticas públicas que eles consideram fundamentais para a viabilização e dinamização da agricultura familiar: o crédito e a assistência técnica. As duas entidades aglutinam os sistemas Cresol Central, Cresol Baser, Crehnor, Ascoob, Creditag, Ecosol e Cescoper, com aproximadamente 250 mil associados em 186 cooperativas.


2012: Ano Internacional das Cooperativas
A Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou, em dezembro do ano passado, a resolução sobre “Cooperativas e Desenvolvimento Social”, que declara 2012 como ano Internacional das Cooperativas (IYC, na sigla em inglês). Com isso, a ONU reconhece o modelo cooperativo como fator importante no desenvolvimento econômico e social dos países. Esta é a primeira vez na história que um ano será dedicado ao setor cooperativista.

Consideradas economicamente viáveis e socialmente responsáveis, as cooperativas operam em setores que vã desde a agricultura até finanças e saúde. A ONU se propõe a três objetivos: aumentar a consciência sobre esse modelo empresarial e sua contribuição positiva, promover sua formação e seu crescimento, e impulsionar os Estados-membros para que adotem políticas que favoreçam sua expansão.

Sem importar o setor no qual atuam, as cooperativas são consideradas modelos de empresas bem sucedidas porque seus integrantes são responsáveis por todas as decisões da instituição. Além disso, elas não objetivam a maximização dos lucros, mas atender às necessidades de seus membros, que participam do gerenciamento.

O potencial das cooperativas para ajudar a erradicar a pobreza, criar e fortalecer práticas sustentáveis e contribuir para o desenvolvimento são as características que a ONU pretende destacar para que os Estados-membros as promovam. Um dos principais assuntos que a agenda da ONU para o desenvolvimento propõe é destacar o aspecto humano, mais do que o financeiro – e as cooperativas combinam ambos.

O início das cooperativas remonta à Europa dos anos 1800. Na Alemanha, em 1860, Friedrich Raiffeisen projetou uma empresa de poupança e crédito para ajudar os agricultores. Sua ideia de banco cooperativo se propagou a outras partes da Europa. Ao mesmo tempo, Schultze-Delitsch criou um banco semelhante em áreas mais urbanas.
Também surgiram cooperativas de consumo entre trabalhadores têxteis por volta de 1840 na Grã-Bretanha, em época de crise econômica. Posteriormente, na década de 1950, esse tipo de empresa constituía 12% do comércio varejista. Atualmente, as cooperativas contam com um bilhão de membros em mais de cem países.

Confira também o site oficial do Ano Internacional das Cooperativas:
http://social.un.org/coopsyear

* com informações de Envolverde/IPS

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