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Melhoramento genético da erva-mate na Argentina

O painel “Produção de Mudas e Melhoramento Genético” foi realizado em 05/11


Foto: Marcel Oliveira

A pesquisadora do Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria da Argentina (Inta), Maria Elena Gauchat, falou sobre o melhoramento genético da erva-mate na Argentina, durante o Painel “Produção de Mudas e Melhoramento Genético”, realizado em 05/11.

O Painel fez parte do evento on-line "Erva-mate XXI: inovação e tecnologias para o setor ervateiro", organizado pela Embrapa Florestas com apoio do IDR Paraná, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Gauchat falou que o início do programa de melhoramento genético argentino ocorreu nos anos 1970, pelo INTA, seguido por outras empresas privadas. Até o ano de 1996, o melhoramento genético da erva-mate passou por cinco ciclos de seleção, “respeitando critérios de seleção fenotípicos que priorizavam a produtividade e ausência de doenças e pragas e a queda de folhas”, explicou Gauchat. Foram ao todo 20 ensaios comparativos de rendimento, que avaliaram 285 progênies de polinização aberta, 32 clones jovens selecionados em viveiros, oito clones de plantas adultas selecionadas e 17 cruzamentos dirigidos entre clones destacados.

O INTA, em toda sua trajetória de melhoramento de erva-mate registrou 13 materiais: 12 clones e uma progênie biclonal (cruzamento entre uma planta macho e fêmea conhecidos). E atualmente duas progênies em processo de inscrição. Neste trabalho também foi instalado um jardim clonal com os 68 clones (já mencionados pela pesquisadora Sandra Molina), com a implantação de três viveiros de sementes, nos anos de 1988, 1994 e 2016. Paralelamente foram realizadas campanhas de recolhimento de sementes em áreas de distribuição nativas da espécie, para composição de um banco de germoplasma, que conta com 11 espécies e 206 acessos instalados.

De acordo com Maria Elena Gauchat, no ano de 2016, o INTA decidiu repensar a estratégia de melhoramento da erva-mate, realizando, também, alguns replantios. O objetivo geral do programa de melhoramento seguiu sendo o fortalecimento da competitividade e sustentabilidade da cadeia ervateira, por meio de materiais geneticamente melhorados, visando maior produtividade, qualidade e adaptabilidade aos diferentes ambientes de cultivo. Porém, segundo explicou a pesquisadora, um aspecto inovador incorporado ao Programa foi a transformação de um enfoque tipicamente agronômico, que é a utilização de média de parcela, para uma estratégia em que se explora a variação individual.

A pesquisadora buscou mostrar o enfoque inter e transdisciplinar do melhoramento de erva-mate, que tem se valido de outras ferramentas que contribuem ao conhecimento de materiais que se difundem. “Nesse sentido, trabalhamos para desenvolver marcadores moleculares para a rastreabilidade dos materiais e para as questões ligadas à diversidade genética, algumas questões de ecofisiologia, que permitem que o melhoramento genético identifique os problemas antes que eles ocorram, já que se leva muito tempo para modificar as situações. Temos na Argentina a possibilidade de colheita mecanizada e isso pode chegar a trazer algumas modificações nos esquemas de manejo e vamos necessitar conhecer a tolerância dos materiais e a eficiência dos processos de produção de massa foliar. Nesse sentido consideramos a ecofisiologia uma parte importante para nossos estudos”, diz.

A pesquisadora também, de maneira geral sintetizou alguns critérios de seleção: produtividade, tipo de ramificação das plantas, quantidade, tamanho e queda de folhas, tolerância a pragas, enraizamento, variáveis ecofisiológicas (por exemplo a  tolerância de determinados genótipos a diferentes tipos de estresses) e conteúdos fitoquímicos. Hoje todos os critérios não são aplicados, mas dão uma ideia de para onde estão caminhando. Além disso, Gauchat falou sobre os objetivos específicos do programa de melhoramento do INTA, que visa avaliar o comportamento das procedências e progênies de erva-mate de valor econômico e ecológico para as diferentes regiões de cultivo na região. Outro objetivo é gerar conhecimentos básicos em genética quantitativa e molecular de características poligênicas de erva-mate, bem como incrementar a variabilidade genética.

Gauchat abordou as cinco principais linhas de pesquisa de erva-mate do INTA, como a nova avalição de produção de folha verde e testes de progênies e clones com medições individuais de rendimento; a seleção genética, baseada no valor de melhora de cada indivíduo presente nos ensaios, com diferentes destinos: viveiros e clones; a linha que considera a incorporação de variabilidade genética ao programa de melhoramento e por último, a realização de testes dos materiais em campo.

Dentro de cada uma das linhas citadas, a pesquisadora comentou as atividades a elas atreladas que geraram resultados importantes. Após os testes, foram medidos o peso e a massa foliar de cada planta, “sendo encontrada uma proporção de variância genética aditiva sobre a qual a pesquisa pode atuar, gerando melhorias com a seleção”, conta. Outro resultado obtido foi a alta correlação dos pesos de massa foliar e o diâmetro de copa, fato que proporcionou considerar tais variáveis bons preditores de produtividade.

Maria Elena Gauchat encerrou a palestra abordando os passos futuros do Programa de Melhoramento do INTA, que visa, além de aprofundar a discussão entre morfotipo e ideotipo, realizar um maior emprego de ferramentas moleculares, ajustar os modelos de predição para conteúdos de compostos fitoquímicos (cafeína, teobromina e polifenois) e a incorporação de variáveis ecofisiológicas à seleção

Ao final, após os palestrantes responderem às perguntas dos participantes, foram apresentados cinco trabalhos inscritos previamente, em forma de vídeo. Os temas foram: Tecnologia SSBGC na produção de mudas seminais e clonais de Ilex paraguariensis, Desenvolvimento de mudas de Ilex paraguariensis em resposta à fertilização e estimulantes de crescimento; Temperatura e períodos de estratificação na superação de dormência de pirênios de erva-mate; Enraizamento de genótipos de erva-mate com elevado teor de cafeína e Sombreamento de erva-mate e reflexos na área foliar específica. A íntegra do Painel está disponível no Canal da Embrapa no Youtube.

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