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Mercado de bebidas à base de soja pode crescer 15% este ano


No final dos anos 70, o então presidente João Figueiredo experimentou o leite de soja, fez cara feia e cuspiu, praguejando contra o sabor. Quase 20 anos depois e milhões e milhões investidos em tirar da soja o sabor de soja, o setor de bebidas à base da oleaginosa deu a volta por cima e, com fama de fazer bem à saúde, movimenta R$ 300 milhões por ano entre leites e sucos. "Esse setor tem tudo para crescer a um ritmo de dois dígitos por ano", diz Jordan Rizetto, diretor regional para América Latina da Solae do Brasil, joint-venture entre as multinacionais Bunge e DuPont. A Solae fabrica proteínas à base de soja e é uma das grandes fornecedoras do extrato utilizado na fabricação da bebida.

As bebidas à base de soja despertaram interesse da indústria há três anos, quando a Food and Drug Administration (FDA), o órgão de saúde dos Estados Unidos, recomendou o consumo diário de 25 gramas de proteína de soja como medida preventiva para problemas cardíacos. Com isso, a soja entrou de vez na dieta dos norte-americanos: desde 1992, as vendas de alimentos à base de soja quadruplicaram de tamanho nos EUA e hoje movimentam US$ 3,7 bilhões.

No Brasil, o mercado de bebidas, que era de 87 milhões de litros no ano passado, deve crescer 15%, para 100 milhões neste ano. "Antes, a bebida era consumida principalmente por pessoas que não podiam beber leite, por serem intolerantes à lactose. Hoje, o consumo é generalizado", diz Rizetto.

Apesar do potencial, o segmento vem esbarrando no quesito sabor, que foi um dos principais assuntos do seminário SoyFoods Latin America, realizado em São Paulo. "O sabor é, sem dúvida, a maior preocupação da indústria. Afinal, mesmo que o consumidor saiba que o produto faz bem à saúde, não vai consumi-lo se não gostar dele", diz Paulo de Paula, gerente industrial da Olvebra, dona da marca Soymilke e Soy Fruit. Enquanto na Ásia o consumidor gosta do sabor acentuado da oleaginosa, no Brasil ocorre justamente o contrário.

"Aqui o sabor tem que ser bastante suave, do contrário é rejeitado pelo consumidor", afirma de Paula. Entre os principais fabricantes estão a Unilever, com a marca Ades, e a Bunge, com a All Day.

De olho no crescente mercado de bebidas à base de soja, a Olvebra, que fabrica 3,6 milhões de litros por ano, espera aumentar suas vendas em 30% até 2005. Toda produção é à base de soja não-transgênica.

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