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Mercado do arroz preocupa produtores

A média do saco de 50 quilos no RS é de R$ 21,00, com uma tendência de queda


Os arrozeiros gaúchos colhem as lavouras com a expectativa de se ter a melhor produtividade dos últimos anos. Porém, o valor pago pela saca do produto ainda preocupa no campo. A média do saco de 50 quilos no Rio Grande do Sul é de R$ 21,00, com uma tendência de queda. Conforme o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Cláudio Brayer Pereira, o preço mínimo para o agricultor ter rentabilidade é R$ 25,80. “Entendemos que esse valor seria razoável porque pagaria todos os custos variáveis da lavoura com segurança”, explica. Reforça que a entidade busca que o governo federal intervenha o máximo possível na safra. “Queremos garantir renda e, ao mesmo tempo, pensar políticas que permitam que não tenhamos os mesmos problemas no próximo ano.”


Conforme o representante do Irga, os governos estadual e federal buscam adotar medidas que melhorem o preço do arroz. “Em época de safra, é normal ocorrer a queda no preço, mas isso aconteceu bastante antes e preocupa”, pondera. No entanto, informa que a União já adotou medidas, tais como a prorrogação de Empréstimos do Governo Federal (EGF), a realização de leilões de Prêmio de Escoamento de Produção (PEP) e as chamdas AGFs (Aquisição do Governo Federal), que vão começar nos próximos dias. Outras alternativas em favor do mercado devem ser anunciadas em breve. “Esperamos que ao longo do ano o preço se recupere.”

Uma das maiores preocupações do setor é com os mercados nacional e internacional de arroz, que estão abastecidos e pressionam os preços para baixo. O arroz do Mercosul, especialmente, é uma preocupação, tendo em vista os custos dos insumos importados. “Não temos como pensar no preço interno sem pensar no que acontece lá fora. Atualmente, muitos países têm custos de produção mais baixos dos que os nossos e isso causa a oferta de produtos mais baratos do que os brasileiros”, explica.

MERCOSUL

A partir da reativação da Câmara Setorial do Arroz, realizada no mês passado, foram formados grupos de trabalho. Um deles estuda as questões tributárias e também referentes ao Mercosul. “Queremos também propor ações mais fortes nas questões de alternativas para uso do arroz e alternativas de ocupação das várzeas. Com isso, propomos mudanças significativas em toda a cadeia produtiva para uma melhor distribuição de renda”, salienta Pereira. Segundo o presidente do Irga, é injusto que o arrozeiro tenha problema de comercialização quando há alta produtividade. “O governo precisa ter mecanismos que garantam a renda do produtor com o aumento da produção.”

O Irga vem provendo o governo do Estado com todas as informações referentes à atual situação do setor no que diz respeito aos problemas de preço. A ideia é fornecer subsídios para a tomada de decisões. “Temos o poder constitucional de elaborar essas políticas”, justifica Pereira. No entanto, atualmente a entidade não pode mais comprar e armazenar o produto, como fazia no passado. A área do cereal aumentou, nos últimos 40 anos de 300 mil, para mais de 1 milhão de hectares. Esse crescimento levou a entidade a buscar convênio com a Cesa para ajudar a instituição a se reerguer e, com isso, armazenar o arroz do Rio Grande do Sul.


Colheita avança

No Estado do Rio Grande do Sul, a colheita de arroz já atinge quase 60% da área semeada. Até o final da última semana, os produtores colheram cerca de 700 mil hectares dos 1.170.498 cultivados nas seis regiões do Estado. Os dados são fornecidos pela equipe de Política Setorial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). O trabalho avançou consideravelmente, já que há dez dias a área colhida chegava a 36%. A região da Fronteira Oeste é a que mais contribui para esse salto nos números, tendo colhido mais de 200 mil hectares, o que representa mais de 50% de sua área cultivada.

Na região do 5º Nate de Rio Pardo, que abrange Rio Pardo, Pantano Grande e Passo do Sobrado, do total de 19 mil hectares cultivados, 14 mil já foram colhidos, o que representa 74%. É o segundo município com a colheita mais adiantada do Estado, atrás apenas de São Borja, na Fronteira Oeste, que já colheu 84% da área semeada. Após os dias contantes de chuva, os produtores retomaram a colheita em ritmo normal. Segundo o engenheiro agrônomo José Fernando de Andrade, a expectativa é de que no máximo em 30 dias todas as lavouras da área de abrangência sejam colhidas.

No 27º Nate do Irga, que abrange sete municípios do Vale do Rio Pardo, até esta quinta-feira (31) já haviam sido colhidos 52% de um total de 15.480 hectares de arroz cultivados. Somente em Candelária, que é um dos maiores municípios produtores da região, 53% das lavouras foram colhidas. O município cultivou na atual safra 8,5 mil hectares do cereal. A média de produtividade está em 8,1 mil quilos por hectare. “É muito acima do que a gente vinha colhendo até o ano passado”, comemora o engenheiro agrônomo Paulo Luciano Siqueira.

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