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Mercado internacional da soja aguarda relatório mensal do USDA


Durante esta semana o mercado em Chicago estará se preparando para receber as informações mensais de oferta/demanda mundial, a serem divulgadas nesta próxima 6ª feira (10) pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Esta é, sem dúvida, a divulgação mais importante para o mercado da soja e que geralmente reflete diretamente nas cotações internacionais durante todas as semanas seguintes.

As atenções estarão direcionadas tanto para as expectativas em relação à safra sul americana de soja, especialmente no Brasil e na Argentina, como também para o nível dos estoques americanos e mundiais da oleaginosa.

Os últimos contratos negociados na Bolsa de Chicago com vencimento durante todo este ano de 2003 foram negociados em média a US$ 5,60/bushel, cerca de 30% acima do mesmo período do ano passado. A firme recuperação dos preços internacionais completa aproximadamente 12 meses nesta semana, quando neste mesmo período de 2002 as cotações chegaram a atingir US$ 4,18/bushel nos vencimentos de 2ª posição em Chicago.

As duas variáveis mais influentes no mercado internacional a curto prazo são: as condições das lavouras de soja no Brasil e Argentina e o fluxo das exportações semanais americanas.

Por enquanto, as condições climáticas na América do Sul não induzem a grandes alterações nas expectativas de produção das lavouras sul americanas. Alguns períodos de seca têm ocorrido nas áreas mais centrais do Brasil, mas no geral, os índices de chuvas têm sido considerados suficientes pelos traders na Bolsa de Chicago. Na Argentina, semelhantemente, nenhuma notícia de clima desfavorável foi relevante no mercado ainda. Mas de agora em diante, as lavouras nestes países começam a entrar nas fases de florescimento e enchimento de grãos, períodos considerados críticos para a definição do potencial produtivo das plantas, quando geralmente o mercado internacional fica bem mais sensível às notícias climáticas semanais.

O nível das exportações americanas como um todo continua em queda, inclusive para o complexo soja. Nesta safra 2002/03, as exportações americanas de soja em grão atingiram até o momento 12,418 milhões ton, cerca de 8,8% a menos do que no mesmo período da safra passada. Houve decréscimo significativo das exportações americanas para quase todos os mercados mundiais, com exceção da China. Até o momento, as compras chinesas dos EUA atingiram 2,723 milhões ton de soja em grão, contra 2,144 milhões ton no mesmo período do ano passado. O aumento das vendas americanas para a China e a redução da safra de soja nos EUA neste ano são praticamente os únicos fatores que têm anulado o impacto da queda das exportações dos EUA no mercado internacional.

A safra 2002/03 americana (colhida entre setembro/outubro/2002) é estimada pelo USDA em 73,20 milhões ton, um recuo de mais de 5,0 milhões ton em relação à safra 2001/02. Na 6ª feira passada, a consultoria privada Sparks divulgou seu novo número para esta safra americana, estimada em 74,0 milhões ton, 1% acima da respectiva projeção do USDA. Apesar desta informação da Sparks ter pressionado negativamente o mercado em Chicago, não é aguardado modificação na projeção da produção americana de soja no relatório do USDA desta 6ª feira.

Parte do mercado aguarda uma possível alteração na safra sul americana, especialmente no Brasil, onde a projeção do USDA é considerada muito otimista (49,0 milhões ton). O USDA estima que juntos, Brasil e Argentina, produzirão cerca de 81,50 milhões ton de soja nesta safra 2002/03. Por enquanto, as estimativas do USDA diferem das levantadas por órgãos locais no Brasil e na Argentina.

Com relação aos estoques mundiais, alguns analistas acreditam em uma redução nas projeções do USDA, o que influenciaria positivamente no mercado internacional. No momento, a relação oferta/demanda e estoque/consumo mundial de soja são bastante favoráveis à continuidade da alta dos preços no mercado internacional. Mas somente o relatório do USDA confirmará as tendências projetadas nos últimos dias pelos analistas de mercado.

Para o mercado interno, a variável mais importante neste momento é a variação do dólar e a real tendência de recuo do câmbio. Neste início de semana, o dólar vem sendo negociado a valores inferiores a R$ 3,40. Como informado na última edição semanal sobre a soja (30/dez), apenas um dólar médio abaixo de R$ 2,57 é que gradualmente reduziria os preços em reais (R$) ao produtor no Brasil durante o próximo ano, mantendo-se a tendência atual de um aumento de no mínimo 6,0% nos valores em dólar. Mas sem dúvida, nas últimas semanas, a queda do dólar no Brasil tem anulado a alta no mercado internacional da soja. Durante os últimos 30 dias, enquanto o mercado internacional acumulou uma alta de 3%, o dólar recuou em mais de 6%.

Mas com os bons preços em Chicago neste início de semana, influenciados principalmente pelas posições de compras dos fundos de investimento, houve significativo reajuste em nossa projeção de preços para 2003. Nesta edição, considerando o período de março a setembro/2003, a SoloBrazil projeta preços para os Estados do Paraná, São Paulo, Goiás e Mato Grosso, em média a US$ 10,29/sc, com uma alta de 3,5% em relação à nossa projeção anterior. Entre março a setembro/2003, os produtores de soja do PR poderão estar recebendo em média US$ 10,60/sc, SP (US$ 10,62/sc), GO (US$ 10,01/sc) e MT (US$ 9,95/sc).

Adriano Vendeth de Carvalho

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