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Mercado mantém preço do leite em Minas Gerais

A sazonalidade na produção nos períodos de safra e entressafra já não é tão evidente


A sazonalidade na produção de leite nos períodos de safra e entressafra já não é tão evidente como se observava há alguns anos. Uma situação que interferia diretamente na remuneração da indústria para os produtores. Até pouco tempo, o preço pago pelo litro de leite no período das águas, quando há um aumento na oferta de alimento ao rebanho e, conseqüentemente, maior produtividade, era muito menor que o preço no período da seca, quando o custo de produção é maior devido à necessidade de suplementação alimentar para manter a lactação.

De 1997 para 1998 a diferença da produção nos períodos de safra e entressafra representava 25%. De 2005 para 2006 esta diferença foi de 7,9%. De acordo com o presidente da Comissão Técnica do Leite da Federação de Agricultura e Agropecuária de Minas Gerais (Faemg), Eduardo Dessimoni, a estabilização da produção é uma tendência. "A produção já não oscila tanto como antes. Os pecuaristas estão diminuindo os impactos da sazonalidade com a utilização de novas tecnologias no campo no período de seca e, assim, garantindo uma remuneração compatível nos dois períodos", explicou.

Logística

Outro fator que contribui para a manutenção dos preços pagos ao pecuarista é a necessidade de remunerá-lo de forma a garantir a cobertura dos seus custos de produção. Se no período de safra a oferta de alimento é abundante e os gastos com suplementação diminuem, as despesas com logística e perdas são muito maiores que na entressafra.

O Estado de Minas Gerais responde por 30% da produção nacional de leite e, nas últimas semanas, os problemas gerados pelas fortes e constantes chuvas se agravaram. As precárias condições das estradas vicinais por onde é escoada a produção leiteira provocaram perdas para toda a cadeia do leite.

A situação é mais crítica em municípios com pouca infra-estrutura, como é o caso da bacia leiteira formada pelos municípios de Gurinhatã, Monte Alegre, Tupaciguara e Araxá. Em Uberlândia, Eduardo Dessimoni descreve um cenário diferente. "A cidade é bem assistida de estradas vicinais que são razoavelmente conservadas. Por esse motivo, a produção pode até levar mais tempo para chegar aos laticínios e às indústrias, mas isso não ocasiona grandes perdas", disse.

O presidente da Comissão Técnica do Leite da Federação de Agricultura e Agropecuária de Minas Gerais acredita que o governo deveria investir mais em manutenção preventiva para minimizar os problemas de escoamento em municípios mais pobres. "A ineficiência das medidas do governo reflete em perdas para o produtor, para o consumidor final, para as transportadoras e para as indústrias", afirmou o presidente.

Cooperativa e produtor

De acordo com o presidente da Calu, Jerônimo Gomes Ferreira, há uma dificuldade natural de escoamento da produção de leite pelas atuais condições climáticas na região. "As chuvas danificaram estradas e derrubaram pontes, o que atrapalhou o fluxo dos caminhões, que chegam a transportar 10 mil litros de leite por dia", disse.

Sobre a oscilação de preços entre os períodos de safra e entressafra, ele não acredita que continue ocorrendo, uma vez que o aumento da produção neste período ficou abaixo de 10%. No caso da Calu, o preço pago ao produtor se manteve em R$ 0,53 o litro. "Com o crescimento de 17% nas vendas em 2006, optamos por uma política que privilegia o produtor", explicou Jerônimo Ferreira.

A produtora de leite Lucimar Gomes disse que, para ela, o período de safra não representa aumento de produção. "O nosso gado não depende muito do pasto. Utilizamos o silo sempre, o que torna o período de safra e entressafra estável." Com a captação diária de 1,5 mil litros, a produtora prefere a seca. "As chuvas dificultam o manejo dos animais e a coleta do leite, atrasando todo o processo logístico", afirmou.

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