Método detecta crestamento bacteriano em feijão
O método foi testado com folhas de feijão inoculadas com Xpp

O crestamento bacteriano comum é uma importante bacteriose da cultura do feijão (Phaseolus vulgaris). Esta bactéria ocorre em quase todas as regiões produtoras de feijão do Brasil, tendo maior importância nos estados do Paraná e Rio de Janeiro, zona da mata de Minas Gerais e região central do Brasil. A doença ocasiona grandes danos em folhas e vagens, especialmente em regiões com temperaturas de moderadas a altas.
O controle da doença inclui o emprego de semente de boa qualidade, o uso de cultivares resistentes e praticas culturais, tais como a rotação de culturas, a eliminação de restos culturais e evitar transitar na lavoura quando a folhagem estiver úmidas. É causada pelas bactérias Xanthomonas phaseoli pv. phaseoli (Xpp).
Um estudo realizado pela Embrapa e a Universidade de Brasília (UnB) avaliou um novo método de diagnóstico da presença das Xanthomonas phaseoli pv. phaseoli (Xpp) e Xanthomonas citri pv. fuscans (Xcf), por meio da técnica de Amplificação Isotérmica Mediada por Loop (sigla em inglês - LAMP).
Como resultado, o teste LAMP permitiu que a bactéria fosse detectada do ponto de vista molecular com alto grau de precisão, a partir do tecido foliar, antes mesmo do aparecimento dos primeiros sintomas na planta. A detecção dos patógenos foi também alcançada com êxito em sementes.
Essa pesquisa permitiu ainda otimizar os parâmetros de diagnóstico da bactéria, possibilitando o uso da técnica LAMP fora do ambiente de laboratório. Com o auxílio de dispositivos de controle de temperatura e com a aplicação de corantes indicadores de pH em meio aquoso, o estudo conseguiu alcançar resultados que tornam a visualização das reações LAMP para a confirmação da doença mais fácil e possível de ser enxergada a olho nu.
Essa iniciativa abre a possibilidade para o desenvolvimento de kits de detecção rápida do crestamento bacteriano do feijoeiro, os quais podem ser utilizados por técnicos e agricultores em silos ou em galpões com lotes de sementes, o que reduziria os riscos do plantio com material de baixa qualidade sanitária e já contaminado. Consequentemente, facilitaria a decisão de usar medidas preventivas e de controle antes da multiplicação e disseminação dos patógenos no campo.
A pesquisadora Adriane Wendland, que coordena o desenvolvimento de kits de detecção de microrganismos na Embrapa Arroz e Feijão, considera que "essa metodologia traz inovações, especialmente quanto à disponibilização de produtos que podem ser diretamente utilizados em locais sem laboratórios e equipamentos sofisticados, permitindo rastrear e quantificar microrganismos causadores de doenças em sementes e plantas e, ainda, distinguir microrganismos produzidos on-farm".
O estudo completo pode ser visto aqui.