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Microrganismos da Antártica são fundamentais

 Na superfície da água do mar, cianobactérias especializadas em fotossíntese predominam


Foto: Mads Pihl

Um recente estudo da Universidade de São Paulo (USP), liderado por Amanda Gonçalves Bendia, revelou a presença de comunidades microbianas na Antártica desempenhando funções cruciais em vários ecossistemas. Os resultados, publicados nos Anais da Academia Brasileira de Ciências, destacam a diversidade de habitats na região, incluindo vulcões ativos e sedimentos marinhos. 

A pesquisa analisou a dispersão de bactérias e arqueias, organismos unicelulares invisíveis a olho nu, pelo continente antártico, fornecendo insights sobre como essas comunidades podem ser afetadas pelas mudanças ambientais. Amostras foram coletadas em diferentes locais, como sedimentos marinhos, solo, água do mar, fumarolas de um vulcão ativo nas Ilhas Shetland do Sul e neve continental a 670 quilômetros do Polo Sul geográfico.

“Muitas pessoas podem imaginar que na Antártica é tudo gelo, tudo neve, mas vemos nesse trabalho que existem habitats muito diferentes, desde um vulcão ativo até sedimentos marinhos”, conta Amanda. “Nós selecionamos as amostras que empregaram a mesma metodologia de sequenciamento, possibilitando compararmos os microbiomas nos diferentes habitats antárticos”, explica Vivian Helena Pellizari, professora do IO que coordenou a pesquisa.

Os sedimentos marinhos estudados destacaram uma diversidade de microrganismos superior em comparação a outros ambientes analisados, com diferentes camadas acumulando uma variedade de microrganismos de habitats distintos. O depósito e acúmulo de células nas partículas de sedimento foram apontados como possíveis responsáveis por essa maior diversidade.

 Na superfície da água do mar, cianobactérias especializadas em fotossíntese predominam, enquanto em áreas de degelo do solo foram identificadas espécies ligadas ao ciclo do nitrogênio e à degradação de compostos orgânicos. Próximas a vulcões, houve predominância de microrganismos que usam enxofre e são adaptados a temperaturas extremas (hipertermófilos), enquanto nas proximidades de geleiras foram identificadas arqueias responsáveis pela produção de metano.
 

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