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Milho: Protótipo sob avaliação

Mato Grosso é o maior produtor de milho safrinha do país


Agregar valor é a única alternativa para estimular a produção do cereal no Estado que surge como uma nova matriz energética

Depois da cana-de-açúcar, o milho desponta como a grande alternativa para a produção de etanol em Mato Grosso. Um protótipo está sendo avaliado em Campos de Júlio, município a noroeste de Mato Grosso, e dependendo dos resultados a intenção é ampliar para 40 o número de usinas em operação. Se o projeto de Campos de Júlio der certo, a intenção é implantar 40 usinas no Estado. Juntas, elas poderiam absorver 20% da produção de milho em Mato Grosso, o equivalente a cerca de 1,6 milhão de toneladas.

O Estado é o maior produtor de milho safrinha do país e, apesar da produção superlativa, enfrenta problemas como falta de armazéns, frete e custos elevados, o que o coloca na posição de destaque do local em risco a cada temporada. Em função do contexto, os produtores do Estado buscam alternativas à viabilidade do milho. E a saída pode estar na produção de etanol, como forma de aproveitar o excedente, garantir melhor preço ao produtor e evitar o “passeio” do grão para os grandes centros, ou o acúmulo a céu aberto durante o pico da colheita.

A industrialização do grão irá agregar valor à matéria-prima e estimular a verticalização da produção, gerando mais emprego e renda no Estado. Na safra 09/10, recentemente encerrada, foram colhidas mais de 8,68 milhões de toneladas.

Em Mato Grosso, iniciativa está sendo executada pela Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja/MT), em parceria com sindicatos rurais e cooperativas, como em Campos de Júlio (553 quilômetros ao noroeste de Cuiabá), onde o protótipo de uma usina já começou a produzir etanol de milho, em caráter experimental.

De acordo com Ademir Rostirolla, da Cooperativa Agroindustrial do Parecis (Agropar) e presidente do Sindicato Rural de Campos de Júlio, a usina está em fase de análise de viabilidade técnica e de validação dos dados econômicos, como custos, volume de produção por tonelada de milho e alternativa para a fabricação de etanol e subprodutos como o DDGS, utilizado para a produção de ração animal para bovinos e suínos.

“Por enquanto a usina instalada é apenas um protótipo de um projeto maior que deverá ser colocado em prática em Mato Grosso com o objetivo também de diminuir o impacto logístico do milho”, explica Rastirolla.

Com a usina de etanol de milho, Mato Grosso terá condições de consumir boa parte da produção, evitando problemas de armazenamento, fretes caros para levar o produto a outros mercados e custos elevados de produção. De acordo com os produtores, o custo de produção do milho é maior do que o preço que o produtor recebe. Os grandes centros consumidores do grão ficam distantes de Mato Grosso e o frete torna inviável comercializar a produção.

“Vamos exportar o grão quanto menos possível e procurar processar a matéria-prima em nosso próprio Estado. Queremos agregar valor ao produto, ao mesmo tempo em que viabilizamos melhores preços e mais renda para os produtores”, frisa o representante da Coopar.

RESULTADOS – Até agora, a unidade experimental de Campos de Júlio está obtendo cerca de 360 litros de etanol por tonelada de milho e 330 quilos de DDGS por tonelada. O gás carbônico (CO2) obtido deste processo pode ser uma alternativa para a indústria de bebidas e de fabricação de equipamentos de extinção de incêndio, por exemplo.

“Precisamos apenas confirmar e consolidar os resultados obtidos até agora, e que são bastante favoráveis à instalação de uma grande usina. Se conseguirmos transformar 4 milhões de milho em etanol, reduziremos os custos de logística com a circulação de menos caminhões nas estradas transportando grãos. Ao invés de levarmos matéria-prima, vamos transportar etanol, que é um produto de maior valor agregado e peso menor do que o milho in natura. Poderemos transformar uma tonelada de milho em etanol e reduzir o movimento de caminhões nas rodovias em mais de 60%”.

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