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Milho eleva preços da soja nesta temporada

A preferência dos EUA pelo cereal traz projeções de preços duplicados na soja


As perspectivas de que os norte-americanos terão a menor safra de soja dos últimos dez anos estão agitando o mercado e analistas já projetam que a saca no mercado internacional, balizada pela Bolsa de Chicago, poderá passar da média atual, de cerca de US$ 6 por bushel, para US$ 13. O bushel é um padrão de medida norte-americano que equivale a 27,2154 quilos.

A boa notícia não é motivada apenas pela redução dos estoques finais da oleaginosa, impulsionada pela demanda em ascendência, mas principalmente pela constatação de que o milho terá o menor estoque dos últimos 30 anos e seu consumo ampliado e com reflexos até a próxima temporada.

A soja no maior produtor mundial vai perder espaço ao milho, pois os norte-americanos precisam ampliar a produção de etanol e o cereal é a matéria-prima deste combustível. De acordo com o levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), depois dos estoques finais das principais oleaginosas no mundo terem crescido 9,4% na temporada passada, a previsão atual aponta para queda de 0,6%, passando de 61,72 milhões de toneladas (t) para 61,33.

"Mais do que a queda em si, o relevante nos parece ser a inversão de tendência, uma vez que acreditamos em novo aperto também para o ciclo 07/08 caso a hipótese de menor área de soja nos EUA se confirme", acrescenta o consultor da Safras e Mercado, França Júnior. Nos farelos protéicos, os estoques devem cair 14,5%, passando de 7,57 milhões/t para 6,47, após já ter caído 9,8% na temporada passada.

Milho:

Se para o complexo oleaginoso e para a soja as alterações nos estoques são sutis, no milho o impacto do aperto na oferta e demanda é flagrante. O estoque mundial de 90 milhões de toneladas, projetado pelo USDA para 06/07, é o mais baixo dos últimos trinta anos, com uma relação estoque/consumo inédita de 12%. "Este quadro mundial exige dos países produtores e exportadores uma elevação de área e produção em 2007 sob o risco de nova retração para 07/08", avalia o analista de Safras Paulo Molinari.

A expectativa é de estoques ajustados em função da forte demanda por etanol nos Estados Unidos. "O mercado mundial dependerá de uma ótima área plantada nos EUA em 2007 para tentar inibir uma maior queda nos estoques e uma nova alta de preços. Uma elevação de área no milho representa uma queda de área na soja, o que é bom para os preços da soja no mercado internacional também", acrescenta Molinari, lembrando da elevação acentuada dos preços futuros de milho, soja e trigo nos últimos dois meses, por conta, em grande parte, desta complicada situação do cereal.

Este desequilíbrio na relação de oferta e demanda do milho é reflexo do consumo em elevação. A demanda mundial está projetada em 724,14 milhões/t, 3,45% superior ao ano passado, que ficou em 699,97 milhões de toneladas. O principal fator para esta elevação é o aumento considerável no consumo de milho para a produção de etanol nos Estados Unidos. A demanda norte-americana está estimada em 243,60 milhões de toneladas, com aumento de 5,2% sobre o consumo de 05/06, de 231,58 milhões/t.

Completando este quadro, a produção mundial deve recuar de 693,29 milhões para 688,73 milhões de toneladas. Os norte-americanos deverão colher 272,93 milhões de toneladas, contra 282,26 milhões da temporada passada. "A alta de preços internacionais, com o risco de queda exagerada dos estoques nos EUA, traz a necessidade de novos exportadores mundiais com capacidade de venda de bons volumes", destaca Molinari, apontando assim o principal efeito que este corte nos estoques pode trazer ao mercado brasileiro.

Caso os EUA necessitem reduzir as suas exportações para atender à sua demanda interna, Brasil e Argentina terão espaço para grande volume de exportações de milho ao longo de 2007 e 2008. Para 2007, o Brasil dependerá de uma safrinha recorde para marcar presença no mercado internacional, já que a safra de verão está registrando uma queda de área de 8,1%. "Esta safrinha determinará o caminho para o Brasil nas importações ou nas exportações", indica.

Segundo o analista, a princípio, com uma safrinha recorde (12 a 13 milhões de toneladas), o Brasil poderá exportar entre 2 e 3 milhões de toneladas em 2007. Com uma safrinha menor, este perfil de exportações poderá perder espaço.

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