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MILHO/SORGO: diminuem expectativas em relação ao plantio da safrinha


Com as boas condições climáticas nas regiões brasileiras, até o momento a oferta da safra de milho verão está estimada com um acréscimo de pelo menos 2,0 milhões ton em relação ano passado, podendo atingir cerca de 31,342 milhões ton neste ano, 7% acima da safra 2001/02. Como informado em nossa última edição semanal no dia 05/fevereiro, tecnicamente, somente este incremento na safra de verão já seria suficiente para o abastecimento do mercado interno, mantendo os mesmos níveis de exportação, da safrinha de milho/sorgo e das importações do ano passado.

Mas considerando que, ao contrário do ano passado, a CONAB inicia este ano com um nível praticamente insignificante de estoque de milho, a situação dos consumidores nacionais continua muito delicada. Sem poder contar com os estoques do Governo e com os custos de importação cada vez mais inviáveis, o setor consumidor de milho está neste ano ainda mais dependente da safrinha, tanto de milho como de sorgo.

Além disso, a CONAB que, segundo informações do próprio órgão, chegou a vender mais de 1,3 milhões ton no ano passado, precisar agora fazer o caminho inverso e recompor pelo menos parte de seus estoques. Assim, na prática, o aumento de 2,0 milhões ton na safra verão não resolve o problema do abastecimento do mercado interno no médio prazo.

Com o mercado em 2003 bastante transparente e prometendo preços remuneradores, as expectativas iniciais dos analistas indicavam um significativo aumento no plantio da safrinha de milho neste ano em sucessão à soja. Mas o atraso no plantio da soja nesta safra, principalmente em Goiás e Mato Grosso, certamente limitará o plantio da safrinha de milho em muitas regiões, o que pode em parte provocar uma reversão destas áreas para o sorgo, cultura esta mais utilizada nas semeaduras pós fevereiro, em especial no Centro-Oeste.

Mas mesmo a migração dos produtores para o sorgo somente parcialmente anulará o impacto negativo do atraso do plantio da soja neste ano safra sobre a semeadura do milho safrinha. Neste momento, a colheita em média no Paraná, Mato Grosso e em Goiás talvez possa ter atingido cerca de 15% da área plantada. Muitas áreas de soja precoce em Goiás e principalmente no Mato Grosso tiveram no final do ano passado que serem replantadas em razão da falta de chuvas em novembro, de modo que foram substituídas por variedades de ciclo médio ou tardio, com colheita programada somente no decorrer do mês de março.

Em geral, ainda estamos em período de entressafra para a soja. Um significativo início da colheita no País somente acontecerá a partir do final deste mês de fevereiro, com avanço dos trabalhos no campo em março/abril.

As primeiras expectativas do mercado indicavam que um aumento em torno de 10 a 15% na área plantada na região Centro-Sul pudesse alavancar a safrinha de milho no Brasil dos atuais 6,2 milhões ton para algo em torno de 10,0 milhões ton neste ano, considerando é claro condições climáticas plenamente favoráveis à cultura.

Mas esta possibilidade vai ficando cada vez mais afastada, principalmente pelo fato de que em regiões como o Goiás e Mato Grosso, o plantio da safrinha de milho basicamente se concentrará nas mesmas áreas historicamente tradicionais na cultura. Em áreas pouco tradicionais no cultivo da safrinha de milho, onde esperava-se que as boas projeções de preços para o 2° semestre motivassem o plantio, não haverá tempo hábil para a semeadura ainda neste mês de fevereiro, quando termina o prazo da viabilidade técnica para a cultura. Resta talvez a estas regiões o plantio do sorgo, o qual apresenta uma viabilidade técnica de semeadura até na 1ª quinzena de março.

Mais uma vez, grande parte do crescimento esperado na safrinha de milho depende muito do sucesso do plantio no Paraná. Segundo informações locais, a área plantada de milho safrinha neste Estado deve crescer 9% este ano. A produção paranaense está estimada entre 3,8 a 4,3 milhões ton de milho, o que resultaria em um aumento superior a 90% em relação ao ano passado, quando se colheu em média 2,0 milhões ton.

Considerando a média de produtividade alcançada no Paraná nestes últimos 05 anos, acreditamos que se concretizado este aumento no plantio e as condições climáticas permitirem, a produção neste Estado facilmente pode alcançar 3,0 milhões ton este ano.

Se considerarmos ainda, um aumento médio de 10% na produção dos demais Estados (o que tem acontecido nos últimos 05 anos), a safrinha de milho no Brasil tem condições de atingir pelo menos 8,0 milhões ton este ano, o que já seria um montante suficiente para tranqüilizar um pouco mais os consumidores nacionais e garantir com certa folga o abastecimento interno em 2003.

Soma-se a este possível aumento na produção do milho safrinha um provável crescimento também na oferta do sorgo safrinha, principalmente nos Estados do Centro-Oeste. A oferta de sorgo no Brasil, que no ano passado foi de cerca de 780 mil ton, pode tranqüilamente superar 900 mil ton nesta próxima safra.

Com as boas perspectivas de uma safra de verão volumosa, mas uma consequente redução nas expectativas em relação à safrinha, os valores negociados nos contratos futuros de milho na BM&F durante este ano subiram em média 5,5% para as posições entre julho e setembro, mas somente 1,3% nas posições com vencimento entre março e maio.

Por enquanto, levando em consideração os atuais valores negociados na BM&F/SP, a projeção mínima de preços da SoloBrazil para o período de safra (março/maio) está em R$ 16,45/sc nas áreas produtoras da região Centro-Sul. Para o 2° semestre, a mesma paridade indica valores em torno de R$ 18,45/sc entre os meses de julho a setembro.

A projeção mínima de preços da SoloBrazil para o período de safra, é resultado da média dos preços entre São Paulo, Paraná, Goiás e Mato Grosso. Entre março/maio de 2003, os produtores do PR poderão estar recebendo em média pelo milho R$ 16,67/sc, SP (R$ 17,72/sc), GO (R$ 16,90/sc) e MT (R$ 14,45/sc).

Para o sorgo, considerando a proporção de 70% do preço do milho, nossas estimativas indicam níveis médios de preços em torno de R$ 12,70/sc ao produtor em Goiás durante o mês de julho/2003.

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