O embargo da carne bovina canadense por grande parte dos países consumidores, em decorrência do Mal da Vaca Louca, "pode ser uma espetacular oportunidade para o avanço das vendas brasileiras neste segmento", afirmou ontem (03-06), o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues. Advertiu no entanto que “apesar de nossa absoluta tranqüilidade quanto a nossa condição sanitária, o Brasil deve avançar na defesa sanitária com muito mais rigor”. E observou que não se deve esquecer que o Canadá exporta anualmente 615 mil toneladas e que há outros fortes concorrentes no mercado internacional como Argentina e Austrália.
O ministro informou que nos últimos oito anos o Brasil importou do Canadá três mil cabeças de gado, que estão recebendo um reforço de inspeção. “Felizmente como já fizemos este trabalho na entrada do produto, está tudo tranquilo e não há um sinal sequer de risco de contaminação”.
Rodrigues participou da solenidade de abertura da IV Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), que ocorre até o próximo sábado, no Centro de Exposições Imigrantes. O evento está apresentando 3 mil animais de 20 raças bovinas, de 31 países, entre os quais a Rússia, que no ano passado comprou 50 mil toneladas de carne brasileira. Os produtores brasileiros estimam que este ano o Brasil vá aumentar as vendas ao exterior, movimentando US$ 1,2 bilhão contra US$ 1 bilhão obtido no ano passado.
Com a perda de espaço no mercado internacional da carne canadense, o ministro acredita que possa servir de uma espécie de meio catalisador para a expansão do produto brasileiro no mercado norte-americano. A sua expectativa é de que até março ou abril do ano que vem, os embarques já estejam ocorrendo, tomando por base o período que leva para os procedimentos burocráticos neste sentido.
O ministro Roberto Rodrigues também se reuniu com o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, J. B Penn, para discutir a vinda de uma delegação norte-americana no mês que vem, para avaliar a capacidade sanitária do Brasil.
Hoje, às 22h20, o ministro seguirá para Paris, onde participará do seminário promovido pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), dentro do Fórum Global de Negociações. Ele será um dos conferencistas do painel sobre "A Liberalização das Barreiras Comerciais". O encontro visa aprofundar as discussões dos países membros sobre o acesso aos mercados como um preparatório da Quinta Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), prevista para se realizar em setembro, em Cancun, no México.