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Moinhos do Brasil antecipam importações

Os moinhos brasileiros anteciparam as importações de trigo em grão temendo o desabastecimento


Os moinhos brasileiros anteciparam as importações de trigo em grão temendo o desabastecimento por conta, principalmente, da política do governo da Argentina - que visa garantir da oferta interna -, segundo levantamento da consultoria Safras & Mercado.

Segundo levantamento da consultoria, com base em dados da a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até o mês passado as empresas brasileiras tinham importado 5,303 milhões de toneladas, 6,31% a mais que as 4,988 milhões compradas no mesmo período do ano passado. Só em outubro foram importadas 412,137 mil toneladas, 8,8% superior ao mesmo mês do ano passado, mas 16% menos que o mês anterior.

O Moinho M. Dias Branco, fabricante de várias marcas, entre elas o macarrão Adria, está com estoques acima da média normal da empresa. O vice-presidente de investimentos e controladoria da companhia, Geraldo Luciano Mattos, diz que a empresa antecipou as compras do grão por conta da tendência altista dos preços internacionais.

Os estoques atuais da M. Dias Branco são suficientes para atender a produção de três ou quatro meses, enquanto que em anos anteriores a média normal dos estoques era suficiente para atender apenas entre dois ou três meses de produção. O moinho produz em média 80 mil toneladas de trigo por mês para fabricar massas, biscoitos e farinha.

Entretanto, Luciano Mattos diz não existir crise no setor de trigo. "Ninguém está com dificuldade de comprar o trigo’’, diz o executivo. Segundo ele, o cenário para o trigo hoje é até melhor que o verificado em 2002, considerado o pior ano para o segmento, quando o preço da matéria-prima subiu 20%, cujo aumento foi combinado com a alta do dólar que chegou a R$ 4,00, provocando uma crise no setor. Neste ano, o preço do trigo em grão também já subiu em torno de 20%, mas o aumento foi amenizado pela depreciação do dólar ante o real.

Refletindo a alta do preço do grão, o M Dias Branco, que é o único moinho brasileiro que atua desde a moagem do grão até às gôndolas dos supermercados, fez em julho um reajuste de 8% em média nos preços de massas e biscoitos. Entretanto, diz que até o fim do ano não haverá novos reajustes, pois os preços da matéria-prima não devem mais subir neste ano e a empresa conta com estoques elevados.

O analista da Safra & Mercado, Elcio Bento, confirma que os preços do trigo não devem subir muito neste ano, por conta das safras do Brasil, mesmo sendo em torno de 50% menor, e da Argentina. Mas tendem a aumentar a partir de março, quando ocorre a entressafra neste dois países. Com isso, o Brasil deverá exportar trigo de terceiros países, com a Tarifa Externa Comum (TEC) de 10%.

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