A muda de laranja de mesa “aditivada” criada pela unidade Clima Temperado da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que proporciona produtividade e valor agregado de, respectivamente, 300% e 200% maiores que a tradicional, já é opção de ganho real para empresas brasileiras ligadas ao setor citrícola. A Embrapa já licenciou o seu primeiro parceiro na empreitada: a propriedade gaúcha Quinta Marli. O segundo colaborador está prestes a ser licenciado.
Inicialmente serão 40 mil borbulhas por contrato, que resultam em 40 mil mudas para cada licenciado, e devem gerar em média R$ 240 mil para cada um dos parceiros e cerca de R$ 83 mil em royalties para a Embrapa. A empresa de pesquisa receberá royalties de 13% sobre cada muda vendida. Descontando os royalties, custos de produção, cada parceiro terá um lucro aproximado de R$ 140 mil. Segundo o pesquisador e economista da Embrapa Clima Temperado, João Carlos Madail, a Quinta Marli está vendendo cada muda por R$ 6,00, enquanto a variedade comum é comercializada por R$ 2,00.
Madail disse que nessa primeira fase foram licenciados produtores que estavam dispostos a arcar com os custos da reprodução, pois uma estrutura para 50 mil mudas necessita de um investimento inicial de R$ 150 mil. “Para esse tipo de muda é necessário uma tela protetora e procedimentos que evitem a contaminação da planta, por isso o custo é mais elevado.”
Segundo Mandail, o quilo da laranja de mesa “comum” é comercializado por R$ 3,00 o quilo, enquanto a laranja da planta da Embrapa é vendida por R$ 3,00 a unidade. “O preço será elevado enquanto houver pouca oferta. Depois que a oferta estiver normalizada, suprindo a demanda, os preços para o consumidor tendem a estabilizar.”
A expectativa do pesquisador é que cada um dos empresários licenciados atinja uma produção média de 160 mil mudas neste primeiro ano. Ainda segundo o pesquisador, há uma demanda de aproximadamente um milhão de mudas em todo o Brasil para laranja de mesa. “Estamos licenciando produtores que tenham condições de reproduzir as mudas com nossa tecnologia. A Embrapa tem essa finalidade: fazer a pesquisa e transmiti-la a quem pode levar em frente”, afirmou.
O produtor que comprar as mudas dos licenciados receberá um selo de qualidade que poderá ser utilizado para a comercialização da laranja e agregar valor ao produto.
Características
Desenvolvida a partir de mudas trazidas do Uruguai via processo de melhoramento genético, a muda de laranja de mesa desenvolvida pela Embrapa possui qualidade superior e resistência à maioria das doenças que afetam os laranjais. Além disso, enquanto um pé de laranja comum em idade madura – com quatro anos – produz 10 quilos, a nova variedade tem uma produtividade de 40 quilos. Para o consumidor também há vantagens: a fruta é suculenta, grande e sem sementes. A muda desse tipo de laranja é mais indicada para estados que tenham clima temperado – região Sul –, mas também se adapta em locais em que haja microclimas, ou seja, onde o inverno e o verão sejam bem definidos, como em Goiás, sul de Minas Gerais e São Paulo.
Segundo a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), Margarete Boteon, há um espaço muito grande para a laranja de mesa no País, pois o foco principal do citricultores hoje é a laranja para a indústria, que é melhor cotada no mercado. Atualmente, dos 350 milhões de caixas de laranja produzidas no País, apenas 50 milhões têm como destino o consumo in natura, ou seja, a mesa.
Conteúdo exclusivo para Cadastrados
Se você tem cadastro no Agrolink, faça seu login ou faça cadastro no Agrolink de forma GRATUÍTA
e tenha acesso aos conteúdos do site.
Não tem conta? Cadastre-se aqui