CI

Mulheres empreendedoras: da força no campo à doçura na agroindústria

Elas plantam, colhem e processam os produtos


Durante anos as mulheres foram chamadas de sexo frágil, mas a cada dia elas deixam claro que de frágil não têm nada. Em Taboquinha (AL), um grupo de mulheres produtoras mostra na prática do dia a dia que são fortes, corajosas e que empoderamento e empreendedorismo são atitudes que ocupam um grande e importante espaço em suas vidas.

São 20 mulheres na Associação de Mulheres de Taboquinha (Asproboas). Elas plantam, colhem e processam os produtos. A doçura feminina permanece na transformação da mandioca em bolos, doces, sucos e broas, e as delícias que saem da agroindústria já estão conhecidas na cidade.

Além de vender na feira, as agricultoras vendem por encomenda e um dos primeiros clientes que impulsionou o negócio foi o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Elas contam que esse cliente é fiel e que o Programa representa venda garantida.  

A Aspobroas começou em 2005, mas antes disso, as mulheres e o município de Taboquinha passaram por uma grande trajetória e choque de realidade. O início não foi fácil. Antes do PAA, outra política pública foi fundamental: a assistência técnica. A extensionista da Emater de Alagoas, Valdenice dos Santos, acompanhou toda a criação da agroindústria e diz que tudo começou a partir de um projeto que tinha o objetivo de fazer um diagnóstico rural participativo, para assim, identificar o que precisava mudar naquele lugar.

Os resultados da pesquisa não foram animadores e a Emater se reuniu com a comunidade para procurar soluções e melhorar a qualidade de vida dos moradores da região. Um dos problemas estava diretamente ligado às mulheres rurais. “Identificamos que as mulheres não tinham ocupação durante o verão. Durante o inverno, elas trabalhavam na roça, mas no verão a maioria ficava ociosa”, conta Valdenice.

Incentivadas pela Emater, as mulheres viram na mandioca um trabalho com independência e fonte extra de renda. “Antes a gente não tinha muita ocupação e só tínhamos a renda do marido. Hoje, temos a nossa própria renda e podemos ajudar em casa”, ressalta Diana Laura França, presidente da Associação.

Depois dos cursos de capacitação, elas decidiram investir no processamento da mandioca. “A gente só trabalhava na roça. Nós não sabíamos que a macaxeira (mandioca) poderia trazer muitos outros benefícios para a gente. Vimos que daquele produto nós poderíamos tirar vários outros”, diz Simone do Santos, uma das produtoras.

O crescimento da agroindústria foi aos poucos. As mulheres começaram fazendo os produtos na cozinha de casa e, com a ajuda do município, conseguiram construir a agroindústria.

O negócio tem mudado a vida do grupo de produtoras. Maria Gorete da Silva, que faz parte do grupo, conta com orgulho a sua rotina: “de manhã cedo vou para roça, arranco a macaxeira, trago para cá, descasco, lavo e processo”, relata. E claro, ela não poderia esquecer de contar as conquistas alcançadas com a renda da agroindústria. “Já compramos moto e mudamos para uma casa maior, graças a isso aqui”.

Trabalho que transforma

Orgulho para as agriculturas e orgulho para os profissionais envolvidos com o projeto. Principalmente para a extensionista Valdenice, que assim como elas, também é mulher e sabe o valor da independência. “É emocionante ver que agricultoras estão saindo daquela visão de só viver da roça e depender do marido. Quando você vê, que com a sua orientação, o seu trabalho, mulheres estão comprando moto, mudando os móveis da casa, conseguindo ajudar na feira de casa, é gratificante”, destaca.

Valdenice se aposentou e passou a missão de acompanhar as mulheres para o extensionista Guilherme Menezes. Ele é assistente social e conta que é visível a transformação na vida delas. “Historicamente tinha aquele negócio de que o marido mandava na casa porque a renda era dele. Houve um inverso, têm mulheres que basicamente a renda da casa é a dela”, afirma.

Complementando ou tendo nas mãos a renda da família o fato é que as mulheres ganharam autonomia, não só na unidade familiar, mas como cidadãs. “A gente viu que as mulheres também podem aumentar a renda da família. Hoje, temos uma qualidade de vida melhor”, comemora a agricultora Simone.

Aqui tem Mulher Rural

São histórias como as das produtoras de Taboquinha e de outras milhares de mulheres rurais que a campanha #MulheresRurais, mulheres com direitos quer compartilhar.

Sobre a campanha

A campanha internacional #MujeresRurales, mujeres con derechos é uma iniciativa organizada pela Reunião Especializada em Agricultura Familiar no Mercosul (Reaf), a Unidad para el Cambio Rural (UCAR) da Argentina, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e, no Brasil, pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (Sead), sob a tradução #MulheresRurais, mulheres com direitos.

A inciativa abrange a América Latina e o Caribe com ações que, este ano, começaram em março e seguem até novembro, trazendo como temática os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU. Em 2016, a campanha compartilhou mais de 120 experiências de 15 países.

Confira aqui a experiência do Brasil em 2016

 

Compartilhe uma boa história!

É a sua participação que movimenta essa campanha! Envie depoimentos, fotos e vídeos que mostrem o protagonismo das mulheres rurais, como elas representam a transformação do ambiente onde vivem, para as pessoas que as cercam e os contextos aos quais se conectam.

Acesse aqui e participe!

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.