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Nem espetinho de inseto nem Pato de Pequim: o chinês prefere porco

Demanda da China por carne suína equivale à metade do consumo mundial


Demanda da China por carne suína equivale à metade do consumo mundial, 100 milhões de toneladas ao ano

Uma mesa farta na China não precisa de espetinhos de escorpiões, cobras ou carne de cachorro, alimentos que ficaram conhecidos em todo o mundo desde as Olimpíadas de 2008. Beijing, ou Pequim, tem pratos especiais como o pato laqueado – assado e cortado em pequenas fatias que são pinçadas a palitinhos (hashis) com muito apetite pelos chineses. Mais do que isso, a proteína mais consumida vem da carne de porco.


Em cada dez quilos de carne da dieta chinesa, sete são de suíno, dois de ave e um de bovino. Para garantir o abastecimento interno é que o país se obriga a importar perto de 70 milhões de toneladas de soja e milho e produzir o máximo possível de grãos que consegue.

No maior consumidor de carne suína do mundo, cada habitante ingere 38,4 quilos do alimento por ano, mais que o dobro dos 15,1 quilos per capita do Brasil, conforme os números oficiais de 2011. De carne de ave, são 10 quilos, um quarto do consumo brasileiro. Bovino é alimento raro no cardápio, com apenas 4,1 quilos ao ano, volume que no Brasil é nove vezes maior.

O que determina o tamanho da demanda é a concentração de um em cada sete habitantes do planeta no país asiático. Das 100 milhões de toneladas de carne suína consumidas no planeta, metade passam pelos pratos e hashis chineses. Com 73% de participação no cardápio, o alimento define em boa parte a cozinha do país.

Não haveria carne suficiente no mundo se a China tivesse cardápio parecido com o ocidental. “Os mercados são complementares”, afirma o adido agrícola do Brasil, Esequiel Liuson, há dois anos na capital chinesa.

“Eles consomem muita cartilagem, miúdos, órgãos internos. No supermercado, a parte mais cara do frango é a asa. Vou direto à sessão do peito, onde sempre tem promoção.” Meio quilo de asa de frango sai por R$ 6 em Beijing. A mesma porção de peito custa R$ 4.

Churrasco na China é prato especial para turista, servido em churrasqueiras de metal móveis montadas provisoriamente ao ar livre nos hotéis, que parecem carrinhos de algodão doce. Embora o sabor do prato receba elogio dos apreciadores estrangeiros, os chineses preferem língua, dobradinha, rabada.


Já o suíno é aproveitado integralmente, em porções próprias para o uso de varetas ou mesmo pastas que tem a carne, os miúdos e a gordura como ingredientes. A própria criação dos animais é uma tradição. Mais da metade do plantel sai de criadouros “caseiros”.

O crescimento da produção comercial tem sido decisivo para a ampliação do consumo de grãos importados na ração. A suinocultura especializada ainda tem participação de apenas 25%, enquanto a avicultura atinge 75%.

A estratégia do país é justamente sistematizar a produção para ganhar produtividade e garantir o abastecimento interno. Conforme os relatórios do governo chinês, as criações de fundo de quintal vem perdendo peso. A indústria da proteína e o sistema de comercialização vem se especializando continuamente.

Pratos como pássaros assados com cabeça são iguarias regionais no Nordeste, enquanto insetos, disponíveis aos turistas em Beijing, são mais comuns no Centro-Sul. “Pato laqueado é um dos pratos mais procurados pelos turistas”, conta a estudante de comércio internacional Helen Chen, que acompanha grupos de turistas aos restaurantes de Beijing.

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