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No Sul do Paraná, preocupação com a qualidade

Municípios temem registrar perda no milho e na soja por excesso de umidade


Municípios da região da Lapa temem registrar perda no milho e na soja por excesso de umidade em fevereiro e março

Lapa (PR) - Com chuvas diárias e previsões meteorológicas encharcadas, os produtores de grãos do Sul do Paraná temem pela qualidade da soja e do milho. A região faz a colheita mais tarde que a maior parte do estado por causa do clima mais frio. Neste ano, os trabalhos tendem a começar ainda mais adiante. A Expedição Safra constatou, na última semana, que até lavouras amareladas são raridade na região da Lapa a São Mateus. As precipitações teriam passado do limite e começado a provocar perdas.


Os problemas registrados ano passado dão motivos para a região se preocupar. Pelo excesso de umidade, a qualidade da produção caiu, principalmente no caso do milho. “Foi o pior ano que já vi neste sentido. Podia render bem porque não faltou umidade, mas perdemos muito”, afirma o gerente técnico da cooperativa Bom Jesus, Severino Giacomel. Segundo ele, a produtividade da soja caiu a 2,4 mil quilos (500 quilos abaixo da média estadual) e a do milho a 6,6 mil quilos por hectare (300 a menos que no resto do estado) em 2009/10.

Por enquanto, as plantações ainda podem ser salvas. O temor é baseado nas previsões meteorológicas. Segundo os produtores, será necessário atenção redobrada frente a problemas como a ferrugem e o uso de dessecantes para evitar perdas. “Ainda esperamos 3 mil quilos de soja por hectare. No milho, também deve haver aumento de produtividade, embora não possamos ainda avaliar exatamente de quanto. Mas dificilmente atingiremos o potencial máximo de produção”, avalia Giacomel.

Em Antônio Olinto, entre uma chuva e outra, Francisco Burkot tentava adiantar o trabalho de pulverização. Com 80 hectares de soja, ele quer se antecipar ao aparecimento da ferrugem asiática, que ocorreu com força na safra passada. Burkot também já se prepara para dessecar a plantação, numa tentativa de antecipar pelo menos parte da colheita. Apesar de os aguaceiros levarem embora uma parcela dos agrotóxicos antes de os produtos fazerem efeito, afirma que não pode perder tempo. Sua meta é alcançar 3,6 mil quilos de soja por hectare, uma das melhores marcas da região.

João de Almeida e seu filho Rodrigo, que cultivam 75 hectares de soja e 13 hectares de milho na Lapa, temiam seca mas agora torcem por menos chuva. A região estava entre as que mais poderiam sofrer com as estiagens previstas para ano de La Niña e agora se depara com um quadro inteiramente oposto.


“No ano passado, quando fomos entregar o milho, tivemos desconto de 16% porque os grãos estavam ardidos. É produção que se perde”, afirma João. Eles ainda esperam colher 300 quilos a mais de soja por hectare, chegando a 3,6 mil quilos/ha. Para o milho, não arriscam previsão.

As chuvas passaram do previsto em novembro, aumentaram em janeiro e chegam à metade de fevereiro acima da média no Sul do Paraná. Em setembro, a previsão era de que este mês fosse seco, mas os boletins monitorados pelos produtores diariamente pela internet mudaram drasticamente desde então. As últimas previsões para março também são de chuvas até 45% além da média.

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