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Nordeste testa opções para cultivo de segunda safra

Regiões podem receber milho, feijão, arroz e braquiária


Regiões que vêm sendo aproveitadas apenas com a soja na estação das chuvas podem receber milho, feijão, arroz e braquiária

A combinação de culturas de ciclo curto vem sendo testada como estratégia para o cultivo de duas safras anuais na região da Bahia ao Tocantins. Como normalmente não chove o suficiente para a agricultura entre abril e outubro, a saída é correr contra o tempo. O aproveitamento duplo do solo, comum no Centro-Oeste, no Sudeste e no Sul do país, é viável em boa parte da região, dependendo apenas de avanços tecnológicos, defendem pesquisadores da Embrapa.

Cerca de 10% das áreas da região agrícola nordestina têm condições de receber milho safrinha após o cultivo de soja, estima Dirceu Klepker, especialista em solos da Embrapa. Outra alternativa é o feijão-caupi, característico na dieta alimentar da população da região. Em terras altas, é possível ainda cultivar arroz. Uma das opções que vêm se mostrando mais viáveis é o plantio de milho com braquiária, gramínea que, depois da colheita do cereal, serve de alimento para o gado.

Problemas nem sempre relacionados ao clima surgem como barreira à produção de duas safras por ano. Entre eles a falta de pesquisas com variedades de sementes precoces mais adaptadas às condições climáticas locais. No caso da integração lavoura-pecuária, há necessidade de erradicação da aftosa e de animais com maior potencial genético para a carne, aponta Klepker.

A pesquisadora Mônica Zaváglia afirma que duas novas sementes de soja lançadas nesta temporada pela Embrapa – BRS 325 transgênica e BRS 326 convencional – facilitam a sucessão de culturas num mesmo ano. Com ciclos de 112 e 120 dias, respectivamente, elas representam ganho de até duas semanas na comparação com outras sementes da própria instituição. Para que haja tempo de uma segunda safra, a soja precisa ser semeada em outubro e colhida no início de janeiro.

Um terço dos 1.660 hectares de soja recebe sementes precoces para que a área fique disponível para uma segunda safra na fazenda de Darci Peteck, em Baixa Grande do Ribeiro, município de Bom Jesus (PI). “Nessa área, planto 30% com algodão safrinha, 30% com milho, 20% com sorgo e os outros 20% com feijão”, relata. A produtividade na 2.ª safra de milho foi de 7,2 mil quilos por hectare, 25% menor que na 1.ª, mas bem acima do esperado, relata.

Existem produtores com áreas consolidadas que preferem manter o cultivo de apenas uma safra anualmente, sem pressa, para obtenção do melhor resultado possível. As mudanças se limitam ao tamanho da área que soja e milho vão receber em cada safra. “Seguimos os preços das commodities e avaliamos se é possível ampliar a cultura mais viável dentro do sistema de rotação”, relata Luiz Alberto Pirolli, gerente de uma fazenda de 2.260 hectares, que neste ano é 15% ocupada pelo cereal e 85% pela soja. Sua expectativa neste ano é colher 3,6 mil quilos de soja por hectare e 9 mil quilos de milho.

As áreas antigas, com dez anos de cultivo, atingem índices de produtividade mais elevados e estáveis, aponta o agrônomo Joernilson Alves de Macedo, da Milenia Agrociências, que acompanhou a Expedição Safra na passagem pelo Maranhão. Há 12 anos na região, ele observa que a evolução nas opções de cultivo ocorre à medida em que a produção se estrutura tecnicamente.

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