Normas de armazenamento pretendem elevar qualidade dos grãos
IN 41 entrou em vigor no ano passado
Para que um grão atinja um nível de qualidade elevado para sua comercialização, não basta passar pelos processos de plantio, desenvolvimento e colheita adequados. A pós-colheita, ou seja, o momento de armazenagem deste produto, é fundamental para que ele se mantenha ideal. No início do ano passado, com o intuito de melhorar o controle de qualidade dos grãos armazenados, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) colocou em vigor a Instrução Normativa 41 (IN 41) – com base na Lei de Armazenagem 9.973 – que tornou obrigatória a certificação das unidades armazenadoras.
A IN 41, objetivamente, estabeleceu um prazo final para que todas as prestadoras de serviços remunerados de armazenagem cumpram a certificação até 2017. Em 2012, ficou estabelecido que 15% da capacidade estática deveria ser certificada, seguindo critérios do Mapa para, por exemplo, sistemas de higienização, temperatura dos grãos, aeração das unidades e melhoria das condições estruturais da armazenagem. Em 2013, o percentual a ser cumprido sobe para 30% e aumentará mais 15% ano a ano até 2016, quando finalmente os 25% restantes devem ser completados no ano posterior, ou seja, 100% da capacidade estática deverá estar certificada.
A reportagem da FOLHA foi verificar como as entidades públicas e privadas estão lidando com este processo obrigatório de melhoria dos armazéns, suas principais dificuldades durante os trabalhos e o valor dos investimentos até o momento.
No Paraná, de acordo com números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a capacidade estática total é de 27,5 milhões de toneladas, sendo que 14,5 milhões pertencem às cooperativas. No Brasil, o total de unidades armazenadoras é de 17,5 mil, com capacidade para 148 milhões de toneladas, sendo que pouco mais de 430 estão certificadas atualmente. A grande maioria dos armazéns já regularizados encontra-se no Rio Grande do Sul, com um total de 126 unidades. Os números referentes às certificações do Paraná ainda não foram divulgados.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Pós-Colheita (Abrapos) e pesquisador da Embrapa Soja, Irineu Lorini, é difícil estipular o tamanho do investimento que deverá ser feito no País para adequar as unidades. Ele comenta que poucas unidades são novas, já que o parque armazenador brasileiro tem pelo menos 30 anos de existência. De qualquer forma, ele considera o prazo de cinco anos, a partir de 2012, como viável para o setor se estruturar. "Um calendário mais rápido seria inviável pelo investimento que será preciso. A partir de agora passa a se estabelecer um padrão, como se houvesse uma baliza de requisitos mínimos. A questão é que ainda há muitas unidades abaixo desta baliza", declara.
Com a expectativa da fiscalização por parte do Mapa iniciar em março deste ano em todo o País, o presidente da Abrapos acredita que a legislação deve sim ser cumprida de forma efetiva. "Se em 2017 chegarmos a 90% das estruturas certificadas, estaremos num patamar inigualável no mundo. Teremos uma qualidade média neste quesito, e condições de disputar mercado com qualquer país em função da qualidade do produto. Não basta ter volume de produção, é preciso ter qualidade", complementa.
Crescimento necessário
Além das certificações, é nítido que o País precisará de investimentos para aumentar sua capacidade estática para conseguir armazenar a produção, que cresce a cada safra. Estima-se que em 2017 a produção de grãos atinja 250 milhões de toneladas, 68,9% a mais do que a capacidade atual brasileira de armazenagem. "A dificuldade está em todos os estados, sendo o mais grave o caso do Mato Grosso. No Paraná, também há um deficit. Quem vai precisar sinalizar um aumento de capacidade é o próprio governo."