A Nova Zelândia poderá adquirir mais trigo dos Estados Unidos para fazer frente a uma escassez de cereal local e australiano, informou o governo norte-americano.
A produção de trigo neo-zelandês para ração poderá cair 17% no próximo ano, porque os altos preços das panificadoras levaram os produtores agrícolas a destinar parte de sua área cultivada com trigo para ração animal a outras variedades para fins mais nobres, como panificação e massas, informou um relatório do Departamento da Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
A seca mais prolongada da Austrália em um século reduzirá pela metade a produção de trigo do maior fornecedor da Nova Zelândia, aumentando a demanda de suprimentos americanos, principalmente de trigo para ração animal. Os preços locais do pão podem subir por conta da escassez de trigo e elevação do custo de outros ingredientes que entram em sua fabricação, informou a New Zealand Baking Society Inc.
"Os moinhos da Nova Zelândia e os produtores de rações para aves agora estudam a possibilidade de comprar trigo dos Estados Unidos para atender às suas necessidades de importação", informou o relatório americano, elaborado por David Rosenbloom na embaixada de Wellington. Os possíveis compradores na Nova Zelândia procuram "estabelecer a comunicação com exportadores americanos".
Segundo o documento, a produção neo-zelandesa de trigo para ração deverá chegar a 220 mil toneladas em 2003, em relação às 265 mil toneladas este ano. Segundo estimativas, a produção total de trigo deverá chegar a 340 mil toneladas, 4,2% a menos das 355 mil toneladas colhidas em 2002.
Novas Normas
O Ministério da Agricultura e Florestas da Nova Zelândia prepara novas normas sanitárias para a importação de trigo que abrirão seu mercado do cereal para novos países. Atualmente, só pode ser importado o trigo cultivado na Austrália, Canadá e Estados Unidos, segundo o relatório.
Na Austrália, o terceiro maior exportador de trigo do ano passado, os pecuaristas também procuram trigo americano. Cerca de 48 mil toneladas serão importadas em janeiro dos Estados Unidos e 50 mil da Grã-Bretanha para tentar superar a escassez de ração para gado. A seca da Austrália contribuiu para um avanço de 23% dos preços futuros de trigo este ano em Chicago.
Contra o Iraque
O Iraque vai reduzir quase à metade as compras de trigo australiano no próximo ano, devido ao apoio de Canberra à campanha dos Estados Unidos para desarmar Saddam Hussein. No momento os iraquianos buscam o fornecimento da commodity na França.
A AWB, monopólio exportador de trigo da Austrália, anunciou que o Iraque se comprometeu a comprar 1 milhão de toneladas em 2003. Há cinco meses, Bagdá prometeu duplicar as compras, caso o governo de John Howard "promovesse soluções diplomáticas para a atual situação do país."
Jason Gale, Bloomberg News