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Novas variedades aumentam a produtividade da cana

CTC também investe em planta para etanol de 2ª geração


Centro de Tecnologia Canavieira também investe em planta para etanol de 2ª geração

O evento “Cana Show 2011”, realizado pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), no início de dezembro (07), em Piracicaba (SP), trouxe à tona a evolução do setor sucroenergético brasileiro desde o Próalcool aos dias atuais, e com uma projeção para daqui dez anos. “Até aqui, a contribuição de todas as instituições de pesquisa resultou num ganho de R$ 1 trilhão ao setor”, diz Gustavo Leite, novo diretor-superintendente do CTC. “Nos últimos 15 anos, a produtividade aumentou 30%, agora estamos buscando um novo salto”, comenta.
Segundo Leite, a chave para tal incremento está na inovação tecnológica. Por sinal, o “Cana Show 2011” foi palco de lançamento de duas novas variedades de cana-de-açúcar, a CTC 23 e a CTC24, ambas indicadas para o final de safra, fase mais crítica, em que as plantações de cana florescem, tombam e (ou) apresentam queda do nível sacarose. “Liberar variedades competitivas neste período garante um bom desempenho”, explica Arnaldo Raizer, coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento do CTC.

Tanto a CTC23 quanto a CTC24 têm como características um alto teor de sacarose, porte ereto e não florescimento. A diferença entre as duas está no perfil de solo, a primeira é indicada para localidades com escassez hídrica. As pesquisas de campo com as duas novatas comprovaram ganhos de produtividade de 11% a 15% superior às variedades atualmente mais plantadas, a RB86-7515 e a SP81-3550.

Na palestra de Sabrina Chabregas, coordenadora da área de biotecnologia do CTC, o destaque foi a cana transgênica. Segundo ela, a população está aumentando e as pessoas precisam de alimentos, de combustível e de energia e não há desenvolvimento sustentável sem tecnologia. O CTC foi a primeira instituição de pesquisa a produzir uma cana transgênica, isso em 1994. Hoje, com o aval da Comissão Nacional de Biossegurança (CTNBio), a variedade está sendo testada em campo.

Desde janeiro deste ano, o CTC deixou de ser uma Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) para se tornar uma Sociedade Anônima (SA). Isso possibilitou parcerias com empresas como Basf e Bayer, o que deve acelerar as pesquisas em biotecnologia, que visam quatro pontos: aumento do açúcar, tolerância à seca, tolerância a herbicidas e aumento de produtividade. Dados de um estudo da consultoria Céleres apontam que o uso da biotecnologia em dez anos pode resultar na economia de 134 bilhões de litros de água.

O potencial da biomassa também entrou em discussão. Segundo Tadeu Andrade, diretor de Pesquisa & Desenvolvimento do CTC, um hectare de cana tem o potencial de produzir 12 toneladas de palha. Cada tonelada de palha, por sua vez, pode gerar 0,83 mega watts hora (MWH). Estipulando que o MWH seja algo em torno de R$ 200, isso significaria ao agricultor cerca de R$ 2 mil a mais por hectare.

“Hoje o bagaço e a palha da cana estão sendo usados para a produção de energia elétrica. Daqui a dez anos, iremos transformar a biomassa em gás e teremos a biorrefinaria”, diz Tadeu Andrade, diretor de Pesquisa & Desenvolvimento do CTC. A biorrefinaria promete ser uma grande revolução, uma vez que possibilitará a produção dos “mesmos derivados do petróleo”, a partir de uma matéria-prima renovável.

Por ora, a grande novidade foi anunciada por Thomas Ritter, diretor de Pesquisa & Desenvolvimento Industrial do CTC. “Ano que vem, vamos construir em Piracicaba uma planta modelo semicomercial de etanol celulósico acoplada a uma usina tradicional”, diz. O etanol celulósico é o chamado etanol de segunda geração que aproveita o bagaço e a palha, até então subprodutos, na produção de etanol.

O encerramento do Cana Show foi feito pelo ex-ministro Maílson da Nóbrega, que ressaltou o aumento da produtividade como um dos ingredientes fundamentais para que o Brasil continue sua trajetória de crescimento.

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