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Novas variedades resistentes de maçã


Há três décadas o Brasil produzia pouco mais do que 1,5 mil toneladas de maçãs e importava quase tudo o que consumia. Hoje o País produz o suficiente para abastecer todo o mercado interno, a indústria e ainda está lançando novas cultivares, com alta produtividade, boa aparência, sabor com altos teores de açúcares e mínima necessidade de controle fitossanitário com pesticidas. Estas novas variedades começam a chegar no mercado, informa o coordenador do programa de melhoramento genético da macieira da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Frederico Denardi.

Segundo ele, despontam importantes novidades que, a julgar pela excelente aparência, sabor equilibrado e ótima consistência de polpa, poderão ter repercussão internacional. Ele refere-se à fuji suprema, a daiane, a catarina e a joaquina. Estas duas últimas, além da boa qualidade, possuem alta resistência à sarna, principal doença da macieira.

A fuji suprema já está no mercado e a diferença da comum é a cor, mais avermelhada. A daiane está em fase de produção, mas não tem escala ainda para atender grandes centros consumidores como o de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, diz Denardi. Segundo ele, hoje 90% da maçã brasileira são das variedades gala ou fuji.

Falta de frio

A safra deste ano é que não será tão boa quanto a do ano passado, que somou 857,34 mil toneladas, diz o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Maçã, Luiz Borges Júnior. Segundo ele, a previsão era de colher 748 mil toneladas, mas a safra deverá situar-se nas 700 mil toneladas. Há três anos a falta de frio prejudica a safra e esta condição climática é cumulativa.

"A falta de frio vai se acumulando nas gemas que vão ficando menores e resultando em frutas de menor calibre." Borges diz que algumas destas novas cultivares, como a daiane, não é tão exigente ao frio.

Denardi, da Epagri, afirma que existe no mercado, principalmente na Europa e na América do Norte, forte procura por novidades na cultura da maçã. "A produção ainda está alicerçada em velhas cultivares. A participação na produção mundial da red delicious, da golden delicious e da granny smith, cultivares com mais de 100 anos de história, é de 43,5%. Mas o plantio dessas cultivares está diminuindo em favor de variedades como gala, fuji e braeburn, que têm como principal trunfo o sabor equilibrado e a textura da polpa firme, crocante e suculenta."

Ele diz que os plantios dessas cultivares crescem em praticamente todos os países produtores.

Cultivares coloridos

"É notória a influência da aparência da fruta como atrativo maior para o mercado consumidor", afirma. Cientes disto, os fruticultores investem mais pesadamente em cultivares coloridos como a royal gala, a imperial gala, a galaxy, a red fuji, a fuji suprema, entre outras. Outras importantes novidades que estão despontando nos noticiários internacionais são a pink lady obtida na Austrália, a pacific rose obtida na Nova Zelândia, a cameo obtida nos Estados Unidos e a tentation, na França.

A julgar pela crescente preocupação dos consumidores com a qualidade de vida, com a saúde pessoal e do meio ambiente, os programas de melhoramento genético desta fruta estão empenhados na incorporação de resistência às principais doenças e pragas da macieira. Segundo Denardi, dentre os 55 programas de melhoramento genético conhecidos no mundo, 28 deles estão diretamente empenhados neste objetivo.

O coordenador afirma que dezenas de novas cultivares resistentes à sarna são introduzidas no mercado anualmente. "Conjugando qualidade da fruta em termos de aparência, sabor e textura de polpa, com alta resistência à esta doença, temos no Brasil cultivares com amplas condições de competirem com as desenvolvidas no Hemisfério Norte, principalmente a Catarina, em desenvolvimento."

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