Novos rumos conduzem Dupont Brasil em 2012
Companhia de ciência abre segunda fábrica de semente de soja no Brasil para fortalecer briga com Monsanto e prepara integração com a recém-adquirida Danisco
O ano de 2012 será de importantes movimentos na estratégia de expansão dos negócios da Dupont no Brasil.
Em meados do próximo ano, a companhia americana que atua em mais de uma dezena de setores e que faturou US$ 31,5 bilhões em 2010 a partir da venda de mais de 80 mil produtos para 90 países, inaugura sua segunda fábrica de sementes de soja no país.
Ao mesmo tempo, a Dupont estreia uma unidade de ingredientes para a indústria alimentícia, fruto da aquisição da dinamarquesa Danisco, em janeiro deste ano, por US$ 6,4 bilhões.
Com operação em 40 países, a Danisco tem fábrica até em Pirapozinho (SP), onde produz emulsificante, fermemento, culturas e estabilizantes para a indústria alimentícia. São 40 anos de Brasil, 200 funcionários e centenas de clientes.
Agora a Dupont está integrando a Danisco ao seu negócio. "O processo é tranquilo, uma vez que a aquisição foi feita para capitalizar em cima da cadeia. O objetivo é fazer crescer e não diminuir", diz Zacarias Karacristo, presidente da Danisco para a América do Sul.
Sementes de soja
No final de 2010, a Dupont começou a construir sua segunda fábrica de sementes de soja no país. Baseada no estado de Goiás, ela visa atender o mercado interno e fortalecer a atuação da Dupont no bilionário mercado de sementes de soja, hoje liderado pela Monsanto e disputado por outras gigantes como a Syngenta e a Basf.
"Esta segunda fábrica vai dobrar nossa capacidade produtiva, que tem crescido e nos dado mais participação de mercado. Contudo, hoje nós temos um déficit. Se tivéssemos mais sementes teríamos mais vendas", diz Eduardo Wanick, presidente da Dupont para a América Latina.
O Brasil, segundo maior produtor mundial de soja após os Estados Unidos, poderá se tornar o primeiro em pouco tempo, segundo Warnick. E quando isso acontecer, a Dupont quer garantir uma gorda participação nas vendas para os agricultores e produtores de soja.
Além de aumentar a capacidade, Wanick diz que para conquistar o agricultor é preciso investir em Pesquisa & Desenvolvimento, com foco no desenvolvimento de uma semente que garanta aumento de produtividade.
"A margem dae semente é boa, mas é preciso investir. Se você colocar a margem no bolso, daqui alguns anos corre o risco de estar fora do mercado."
Emergentes
Há cerca de uma década, a companhia americana Dupont trabalhava para atender um bilhão de pessoas que habitavam o topo da pirâmide socioeconômica mundial.
Hoje, há sete bilhões de habitantes no globo que multiplicaram a demanda por alimentos, bebidas, energia e uma séria de outros produtos e serviços. Esta necessidade levou a gigante da inovação a ampliar seu escopo de atuação e a trabalhar para atender da base ao topo da pirâmide, o que consequentemente tende a engordar o faturamento de US$ 31,5 bilhões conquistado em 2010 a partir da venda para 90 países de mais de 80 mil produtos como sementes de milho a nanomateriais para a indústria eletrônica.
Embora a sede da Dupont fique em Wilmington, estado de Delaware, são os mercados emergentes que devem alavancar o crescimento da companhia nos próximos anos. Cerca de 35% das vendas da Dupont vêm dos BRICs (Brasil, Rússia, China e Índia), do México, do Leste Europeu, da Tailândia, da Indonésia, Malásia, entre outros. No futuro, a porcentagem poderá bater os Estados Unidos, o maior mercado da Dupont, que atualmente responde por 40% das vendas da empresa.
América Latina
Mesmo com a crise financeira global, a Dupont está crescendo por volta de 30% na América Latina. Wanick atribui os grandes números aos investimentos em inovação. Contando com a aquisição da Danisco, o fatraumento da região neste ano deve fechar em torno de US$ 5 bilhões.
"Este ano estamos crescendo próximo de 30% na América Latina. O Brasil é o mercado mercado, devendo crescer um pouco acima desta média", diz Wanick. No país, a companhia tem foco em vários setores como o agrícola, automotivo, eletrônico e de energias alternativas.