O que devemos aprender sobre feijão com os EUA?
É o que pergunta Marcelo Eduardo Lüders, da Correpar
O Brasil é o maior mercado mundial consumidor de feijão, e mesmo sem um bom planejamento, política, estratégia e comunicação coordenada, a projeção oficial aponta para um aumento total de 4,4 milhões de toneladas em 2021/22. “O que o Brasil não faria” com uma organização (ao menos) similar à norte-americana? É o que pergunta Marcelo Eduardo Lüders, diretor e analista do mercado de Feijão da Correpar Corretora de Mercadorias.
“Estrategicamente, os Estados Unidos disseminam pelo mundo as credenciais do nosso amigo feijão e desenvolvem novos mercados. É preciso refletir no modelo norte-americano. Caso o Brasil opte por continuar trabalhando sempre em emergências, assim como tem feito nos últimos anos, sem pensar na estratégia de médio e longo prazo, veremos as oportunidades escoarem entre os dedos”, alerta o especialista.

O analista defende que os brasileiros devem tirar lições desse modelo: “Aprender é evoluir. Se seremos mais ou menos dependentes das importações está também nas mãos de produtores, mas, acima de tudo, nas mãos de políticas minimamente inteligentes. O preço de São Paulo ainda é tomado como referência, sendo que este preço diz respeito somente àquela cidade. A mosca branca e a helicoverpa ainda têm presença constante nesse mundo brasileiro do feijão. Até quando?”
Lüders vai além e aponta a responsabilidade de quem deveria tomar a frente na questão: “A agenda estratégica da cadeia produtiva do feijão existe, mas está guardada nos computadores de alguém, como que a sete chaves. Por que é segredo? É sempre lembrada, mas não implementada. O que falta para que possa ser analisada e posta em prática? Produtores e empacotadores precisam dar as mãos para atingir objetivos comuns. Onde esta o IBRAFE (Instituto Brasileiro do Feijão)? Cabe aos interessados injetarem recursos necessários, arregaçar as mangas e tomar as rédeas do futuro”, conclui.